segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Praia de nudismo em Floripa



Texto enviado por Zebedeu

No ano seguinte ao daquela viagem que já contei aqui (clique aí para ler a parte 1, parte 2 e parte 3 dessa podreira ), eu estava novamente no City Bar, com o Sansão, o tampinha com cem graus centígrados de testosterona, e o Aguinaldo, o Indi, apelido que ele ganhou por causa do chapéu tipo Indiana Jones, ou também chamado de Guigui, aquele meu amigo que trabalha com turismo. A enorme vantagem desta vez era a ausência do Bola (graças a Deus). Aguinaldo comentou:

- O que vocês vão fazer nesse feriado? Querem ir pra Floripa? Estou com o grupo quase todo formado. Faltam apenas algumas vagas.

O Sansão fez muxoxo, como ele faz, às vezes:

- Hmm...não. Vou ficar por aqui.

Eu topei e fiz um comentário do qual eu me arrependo amargamente:

- Guigui, seguinte, esse ano eu vou dar uma espiada na praia de nudismo.

Sansão arregalou os olhinhos:

- Floripa tem praia de nudismo?

Eu e Aguinaldo demos uma gargalhada. Eu expliquei:

- Claro que tem, seu idiota, a praia da Galheta. Nunca ouviu falar?

- Não. Oba, então eu também vou! Quero ver muita mulher pelada.

Pressentindo que já tinha estragado minha viagem, tentei explicar:

- Cara, nudismo não é sacanagem. Nudismo, também chamado naturismo, é um troço que as pessoas fazem na boa, pra curtir o corpo e a sensação de liberdade, sem nenhuma idéia de jerico.

- Qual é Zeba, ficou brocha? Ideia de jerico ou não, eu vou, e vou ver mulher pelada e vou ficar pelado. Hehehe.

Pronto. Eu e minha boca grande. Eu tinha fodido a viagem. E não deu outra. Já no ônibus o cara foi torrando o saco. No meio daquelas brincadeiras de imitar o Silvio Santos ("Rarái, o Guigui tem cu peludo ou não teeem?") ele vinha:

- Zeba, então nós vamos na praia de nudismo? Quero que você vá comigo. Eu sou tímido. Se tiver muita mulher pelada lá eu...

- Beleza, fica frio que eu também estou curioso pra ver esse troço.

De vez em quando eu pegava no sono e o cara vinha:

- Zéba, não vai esquecer da praia de nudismo!

Ou quando o ônibus parava em algum restaurante, lá vinha ele:

- Zéba, e a praia de nudismo? Vamos nessa, hein? As peladas que me esperem.

Chegando em Floripa, deu pra perceber a cara de satisfação do seu Barzani, o italiano dono da pousada, ao notar que o Bola não tinha ido daquela vez. Mas o Sansão estava lá:

- Quelo stronso barigudo non veio, má veio questo nanico filho di putana. Má, meno male, meno male.

E feitas as apresentações de praxe, nos acomodamos na pousada. E o Sansão:

- Zéba, a praia de nudismo, hein? Você vai comigo. Nós vamos atacar a mulherada pelada.

- Tá, tá, tá, cara, putaqueupariu! Fica frio que eu vou com você. Eu já falei!

E pra meu azar, o primeiro passeio organizado pelo Guigui foi a praia Mole, aquela que dá acesso à Galheta. Quando chegamos na praia, o Aguinaldo deu a dica:

- Gente, quem quiser curtir um pouco é só pegar a trilha no final dessa praia e andar uns trezentos metros que vai chegar na praia da Galheta. É um lugar super bonito e de natureza preservada. Como a nossa proposta é o turismo ecológico, fica aqui a dica. Mas eu aviso que por lá é permitido o nudismo, que é opcional. Tira a roupa quem quiser. Eu vou ficar por aqui e a gente se encontra depois do almoço. Então tá liberado. Quem quiser, pode mandar bala.

Bem, era a hora que o Sansão tanto esperava e ele estava quase me puxando. Acho que o coração dele estava aos pulos. Enfim, se não tinha jeito, lá ia eu, pensando, como sempre, que até que seria divertido. Depois de um certo burburinho e risadinhas no grupo, todo o pessoal optou por ficar por ali mesmo, mas havia a Márcia, uma amiga minha que trabalhava comigo no banco, que resolveu ir junto com a gente. Depois de caminhar por toda a praia Mole, pegamos a tal trilha. O Sansão ia apressadinho, na frente:

- Vamos, caralho!

Depois de caminhar por uma trilha de areia, descemos alguns degraus de pedra e finalmente tivemos acesso à famosa praia da Galheta. O sol já estava alto, eram quase onze horas da manhã. Sansão deu uma geral rápida e já arrancou o calção, fazendo a Márcia soltar um gritinho. O Sansão deu uma risadinha e ficou na maior boa, exibindo o pingolim e a bundinha branquela.

- Zéba, e aí, filho? E aí Márcia? Só eu que vou ficar pelado?

Eu respondi:

- É. Só você e mais essa porrada de viados que eu tô vendo daqui.

E a parada era essa mesmo. Apesar do lugar ser muito bonito, só tinha viado. Pra tudo quanto era lado. A praia, que deve ter mais ou menos um quilômetro de extensão, não estava cheia, mas o pessoal estava espalhado. Logo na nossa frente já vi um carequinha peludão, deitado de bruços e dando uma bitoca no bofe dele. Começamos a caminhar, com o Sansão pelado do lado. A Márcia olhava pra mim e ria. O Sansão ficou puto, mas não desanimava:

- Eu vou encontrar mulher. Eu vou.

Eu tentava explicar:

- Cara, eu já esperava por isso. No Brasil, tudo que é ligado a uma certa liberdade de sexo acaba virando encrenca, acaba se transformando em algo desvirtuado do melhor espírito da coisa. Vejam essa praia. Nada contra os gays, mas não é esse o espírito. Naturismo é pra ser feito em família, com respeito...

O Sansão me cortou:

- Zéba, vai chupar meia, porra. Cala essa boca. Vai azarar o cu da mãe.

Depois de alguns metros de caminhada por entre a bonecada deitadinha, um sujeito grandalhão, devidamente pelado e segurando uma latinha de cerveja, deu um toque no ombro do Sansa:

- Não lembra mais das amigas, é? Malvado. Fresco.

Sansa virou:

- Geraldo, quanto tempo! Porra, quiqui cê tá fazendo por aqui, velho?

O cara era um velho conhecido do Sansão, que havia trabalhado com ele na PUCC e estava com um grupinho de outros dez peludos. Tudo bicharoca. A Márcia me cutucou e apontou para o instrumento do cara. Bicho, não vou nem comentar muito. Flácido, chegava quase no joelho. Eu e a Márcia saímos de fininho, continuamos a caminhada e fomos até o fim da praia. O treco era uma verdadeira parada gay. Para não dizer que não tinha mulher pelada, tinha somente uma. Umazinha só. E até que não era de se jogar fora, mas estava acompanhada de duas bichas. Na volta, cadê o Sansão? Sumiu.

Voltei batido com a Márcia pra outra praia. Saí dali ventando. Voltamos e encontramos o pessoal. Na hora de ir embora, cadê o Sansão? Guigui esperou um tempo e depois lavou as mãos:

- Bora pra pousada. Deixa o sansão. Fazer o que? Ele é baixinho, mas é maior de idade.

Resumo da ópera: o Sansão só apareceu na pousada à noite. Sujo e bêbado. E contando uma história maluca, que tinha ficado em um luau super animado e cheio de mulheres nuas. Então tá.

Ah, os mistérios desse meu amigo Sansão.