quarta-feira, 16 de março de 2011

Manual Bigotron : Como ser um PEDRA - parte final (versão 2.0)

13) PEDRA ODEIA FAZER A BARBA

























Todo pedra odeia fazer a barba. Fato. Por isso, é costume de todo pedra deixar algum tipo de pelugem no rosto para não ficar com aquela "frescura" de se barbear todo dia. Existem várias opções: bigodão (o preferido entre 90% dos pedras), cavanhaque, costeleta, barba cheia, barba rala e até a mistura de dois tipos de barba (como bigodão + barba rala). Pedra só faz a barba quando está de muito bom humor ou quando já arrancou metade da pele do rosto da namorada com sua cara de lixa. Se você quiser saber se um pedra acabou de fazer a barba, é so reparar se o rosto do brucutu está cheio de cortes e com sinais de irritação por todo lado. Isso se explica pelo fato do pedra sempre fazer a barba com pressa e usar alguma espuma improvisada, como a do sabonete (usar espuma de barbear é "viadagem"). Se a barba for feita com um barbeador descartável BIC já reutilizado dezenas de vezes, melhor ainda. Mas não pense que o pedra não tem dinheiro para comprar um tubo de espuma de barbear ou um barbeador novo. Está no DNA do pedra improvisar com o que estiver por perto, como já foi bem explicado nos tópicos anteriores.


14) PEDRA NÃO TEM PALADAR























A comida do pedra se resume a quatro elementos básicos: arroz, feijão, farofa e carne. De preferência muita carne (de qualquer tipo ou origem). Todo pedra acha que o seu prato é um exemplo típico de comida de "macho" e qualquer outro prato que fuja do seu padrão é coisa de "viado". É muito raro um pedra comer uma salada ou alguma verdura, pois qualquer tipo de verdura é "mato" e pedra ODEIA mato (releia o tópico 5). Tenha o cuidado de nunca oferecer para um pedra um prato que tenho um nome muito complicado, como "strogonoff" ou "yakissoba". É possível que o pedra pense que você está de gozação com ele e que você está enrolando muito a língua "pra falar uns nome besta, rapá!". Portanto, evite uma surra desnecessária e sempre ofereça o prato pedra padrão. Pelo menos sai barato.


15) PEDRA ADORA CARRO GRANDE
























Um pedra de verdade detesta carros pequenos. Um carro para um pedra tem que ser bastante espaçoso para ele levar os "bróder" nos agitos, comer a mulherada sem precisar pagar um motel e carregar qualquer porcaria no porta-malas, incluindo cadáveres e os amigos bêbados. Não interessa se o carro é difícil de manobrar, se gasta muita gasolina ou se está caindo aos pedaços. O que importa é o tamanho da caranga. Os carros preferidos dos pedras são: Opalão (o favorito), Ômega, D20 (com cabine dupla, de preferência), Caravan, Del Rey e Landau.

Mas atenção: nem todo dono de carro grande é um pedra! Para você conseguir identificar com segurança se o motorista é um pedra, observe se o carro está cheio de acessórios toscos ou adesivos com mensagens edificantes do tipo "Xoxoteiro", "Sua mulher me ama" ou a clássica "Ate cubanos" (leia essa última ao contrário). Adesivos que simulam buracos de bala na lataria também são um sinal inequívoco de pedra ao volante. Além do tamanho do carro, outro fator que identifica um motorista pedra é o seu equipamento de som, o que nos leva ao próximo tópico...


16) PEDRA ADORA CARRO COM SOM POTENTE























O equipamento de som do carro de um pedra é a coisa de que ele tem mais orgulho no veículo. É tanto orgulho com a aparelhagem que não é raro encontrar um pedra que tenha um equipamento de som que custe mais que o valor do próprio veículo. Se um pedra tem um Opalão 76 que vale uns R$ 3.000, o som vale no mínimo R$ 8.000. Foda-se se o carro está com os pneus carecas, se a porta só abre por fora ou se um dos faróis está queimado. O que interessa é que o sonzão do carro seja "arrombado" e ensurdeça qualquer um que esteja em um raio de 5 km.

Pedras que têm carros com sons potentes costumam se encontrar em locais de pedra (como postos de gasolina e butecos de esquina) para tirar uma onda com o equipamento. É aquela famosa cena: os pedras ligam o som no volume máximo, abrem as portas e o porta-malas da caranga e ficam encostados de braços cruzados com aquela cara de "Qualé?". O curioso é quando vários pedras fazem isso em um mesmo local e cada um tenta mostrar que o seu som é o mais poderoso do pedaço. Aí já viu: vira aquela poluição sonora de hip-hop, Calypso, funk, sertanejo, pagode, axé e qualquer outra porcaria musical que faça sucesso. Não é difícil também que essa disputa musical acabe terminando em pancadaria e tiroteiro (nunca se esqueça do tópico 10).


17) PEDRA AMA O SBT































Até pouco tempo atrás, Sílvio Santos possuía dois carros velhos: um Camaro 1975 e um Lincoln Continental 1993. Esse último é bastante conhecido por ter uma capota verde e um toca-fitas, no qual ele escuta invariavelmente fitas k7 do Julio Iglesias. Agora convenhamos: um empresário milionário que possui dois carros desse tipo (e com toca-fitas!) só pode ser um PEDRA de marca maior. E o que podemos esperar quando uma pessoa dessas decide abrir um canal de TV? Sim, isso mesmo: um canal de PEDRAS voltado para PEDRAS.

Tudo no SBT é toscamente voltado para o público pedra: as vinhetas, os programas de auditório com cenários brilhosos, humorísticos boçais como a "Praça é Nossa"e os filmes escolhidos a dedo, sempre enlatados policiais ou de ação, que passam em programas de títulos pomposos como "Cine Belas Artes" ou "Cinema em casa".

Uma vez Sílvio Santos foi questionado porque o SBT havia decidido produzir novelas em outros países da América Latina. A resposta dele foi uma verdadeira pedrada:
"Aqui um capítulo me custa US$ 30.000,00, lá fora custa US$ 10.000,00. Se esses diretorezinhos querem fazer novela cheia de frescura pra ganhar prêmio em festival, não vai ser com meu dinheiro!"
Outra pedreira à parte é o "Carnê do Baú", "Telesena" e congêneres. Fazem o cara comprar o título de capitalização mais mal-remunerado do mercado, distribuem meia dúzia de prêmios com chance de ganhar menor que a da Mega-sena, e ainda obrigam a pessoa a gastar o dinheiro capitalizado nas tais "Lojas do Baú", onde tudo é o dobro do preço! E os pedras caem! Ou melhor, rolam. Sem dúvida, os cenários com purpurina, os títulos de filmes e séries traduzidos toscamente - sempre com nomes do tipo "As aventuras de...", "Deu a louca no/em...", "...do barulho", "...da pesada", "...mortal", "...fatal" - fazem do SBT a emissora preferida dos pedras, um verdadeiro asteróide em rota de colisão da cultura brasileira.


18) PEDRA AMA TUDO O QUE É DE GRAÇA

Se algum desequilibrado resolver comprar umas cem seringas descartáveis, misturar água com óleo de motor queimado num tonel enferrujado e pôr na porta da garagem uma placa "injeção de água do Porto de Santos na testa GRÁTIS", pode ter certeza: vai pintar uma fila quilométrica de pedras na porta. Todos com blusa estampada aberta até o meio do peito, com um pobre pingente de alguma santa se afogando no suor acumulado em meio aos pêlos que o pedra faz questão de manter aparentes. Se brincar, algum deles vai tentar furar e fila e aí já viu: a porrada come feio (vide item 10) e se alguém passar a menos de três metros da encrenca leva uns sopapos para aprender a ficar esperto e não se meter na treta alheia. Aliás, falando em furar fila, tem uma outra característica marcante dessa galera...


19) PEDRA VIVE PELA LEI DE GÉRSON






















Pedra sente um prazer quase sexual quando depara com uma oportunidade de se dar bem às custas de algum otário (entenda-se aí por "otário" qualquer ser humano normal que dê um único segundo de bobeira). Se um caixa de loja exausto lhe dá um troco errado a mais, ele tem calafrios de prazer e embolsa a grana sem se preocupar se o cara vai conseguir fechar o caixa no fim do turno; se consegue passar uma garrafa de uísque importado no fundo do carrinho de mercado sem que o segurança perceba, tem orgamos múltiplos na cueca furada (mesmo que vá beber porcamente e nem sentir o gosto, vide item 8).

Por outro lado, esse espírito aproveitador faz com que o pedra se torne um dos alvos favoritos dos verdadeiros estelionatários, dos profissionais do crime mesmo. Um pedra é capaz de cair nas trapaças mais manjadas de todas, como os golpes do bilhete premiado e da máquina de fazer dinheiro, porque eles apelam justamente para o espírito de porco de quem quer ganhar dinheiro fácil. Agora, se você não sabe o que são golpes do "bilhete premiado" e o da "máquina de fazer dinheiro", não sou eu quem vai explicar. Deixe de ser pedra, pesquise e se informe para não pagar de pedra otário!


20) PEDRA NÃO TEM SENSO DE CONVENIÊNCIA




O verdadeiro pedra não perde nenhuma oportunidade de cantar uma mulher. Não escapa caixa de supermercado, vendedora de loja e até mesmo operadora de telemarketing, que têm obrigação de tratar o cara bem e não podem mandá-lo pentear macaco. "Porra, princesa, tu tem uma vozinha linda. A gente podia se conhecer, bater um papinho, tomar umas Schin e tals." Aliás, para pedra, mulher bonita não tem nome: é sempre "gatinha", "gostosa", e a preferida deles, "princesa", seja no buteco da esquina ou em ambiente de trabalho.

Na rua, então, nem se fale. Qualquer mulher minimamente bonita sabe que não dá para passar em branco perto de uma construção ou obra de qualquer tipo. É pouco quando rolam só os assovios, o normal são os comentários mais poéticos possíveis, gritados aos quatro ventos, de "que rabão, hein, minha filha?!!" para baixo. Motoristas profissionais em geral (de ônibus, caminhão e táxi, que por sinal são profissões tipicamente ocupadas por pedras), em especial, adoram "elogiar" as moças na rua quando passam perto com o carro ou param no sinal de trânsito. E não adianta tentar escapar pela tangente dizendo que é casada, ele sempre tem duas respostas na ponta da língua: "não sô ciumento, princesa", ou então "e daí? eu também", diz sorrindo, mostrando o dedo com uma aliança da grossura de uma porca de pneu de trator.


21) PEDRA IDOLATRA FUTEBOL




















Depois de churrasco e mulher pelada, nada mexe mais com o coração de um pedra do que futebol. Todo pedra tem:

  • O toque do celular com o hino de seu time.
  • Umas 10 camisetas (falsificadas) do time para andar na rua.
  • Todos os funks que homenageiam seu time (remixes incluídos).
  • Trocentas tranqueiras com o escudo de seu timão para tirar "aquela onda".

Pouco importa se o filho do amigo passou no vestibular para Medicina, se o irmão ganhou na Mega-Sena ou se a tia teve um AVC e está internada no hospital em estado grave. Nada disso comove um pedra. Mas se o seu time ganhou o campeonato ou algum jogo fuleiro, mesmo que seja contra o XV de Piracicaba ou o Íbis, isso é suficiente para o pedra rasgar a roupa e correr de cueca pela rua berrando "é campeãooooooooo!!!" até 5 da madrugada.

O pedra não se contenta em ver apenas os jogos de seu time. Um pedra assiste TODOS os jogos possíveis e imagináveis, até mesmo o Torneio Internacional da Liga da Etiópia. Além do prazer natural de assistir qualquer merda de jogo, o pedra faz isso apenas para saber TODOS os resultados das partidas, com o intuito de zoar os amigos no dia seguinte. "E aí, o Mengão tomou no cu ontem, hein? Hahaha!" ou "O Vascão tomou na tarraqueta! Aposto sua bunda que no próximo jogo ele leva de goleada." são comentários comuns para os pedras. É óbvio que é um pulo (ou um soco, para ser mais exato) para essa zoação terminar em pancadaria e facada na cara, como deixamos claro nos outros tópicos.


*BÔNUS: A MULHER PEDRA



As mulheres pedras são verdadeiras flores de cactos nesse mundo cada vez mais cimentado. Em tudo que se aplica elas seguem o estilão dos pedras, e molham as calcinhas ao entrar com ele no Opalão para ir ao pagode mais próximo, excitando-se com o cheiro de estofado molhado da caranga e do desodorante vencido do pedregulho humano. Se vestem como putas pra sair, fazem o maior barraco quando levam chifre, choram e gritam quando apanham do maridão bêbado, mas nunca se separam do pedra, porque gostam de um barraco e conhecem direitinho a peça com quem juntaram os trapos. São pessoas fundamentais em nossa sociedade e as grandes responsáveis pela reprodução dos pedras, pois adoram procriar e não se sentem realizadas enquanto não põem pelo menos mais uns seis pedrinhas no mundo.