Texto enviado por Zebedeu
Tudo começou, para variar, no City Bar, o sujinho mais querido e mais famoso de Campinas. Uma semana antes do carnaval de 2002, eu, Sansão e Aguinaldo Jones (ou Indie, para os íntimos), um chegado que trabalha com turismo, trocávamos umas ideias e umas cervas nas mesinhas amarelas, sob a brisa fresca do entardecer do Cambuí. O apelido "Jones" que acompanha o nome de Aguinaldo vem do chapéu de feltro que ele usa, que lembra o Indiana Jones, e pelo fato dele fazer grupos de turismo ecológico.
[Aguinaldo] – Pra onde vocês vão nesse feriado? Querem ir pra Floripa? Tô fechando um grupo.
[Sansão, animadinho] – Beleza, velho, é pra já, cara. Tô nessa.
Eu também topei. A verdade é que todo mundo topa entrar em um grupo de turismo do Aguinaldo. O esquema é modesto e baratinho, mas decente. E o principal: sempre tem mulher vazando pelo ladrão - e desacompanhada. A esposa dele faz farmácia na PUC e as amiguinhas sempre vão.
[Aguinaldo, com carinha de contrariado] – Só não quero levar o Bola. Pelo amor de Deus, o Bola, nem fodendo!
- Por que?
- Meu, você nem imagina o que aquele cara apronta. Bicho, ele é meio pirado, meio tarado, sei lá. Na Oktoberfest do ano passado ele foi comigo e me arrumou uma puta confusão que pintou até polícia na pousada.
[Sansão, rindo] - Nossa, o que rolou?
- Ele deu em cima de uma das filhas do seu Barzani, o italiano dono da pousada de Canasvieirias, em Floripa. Putz, cara, não quero nem lembrar. Justo o seu Barzani, um velho invocado pra cacete, durão, que não exita em sair no braço com ninguém. Caralho, cara, demorou pra recuperar a moral. Este ano eu tô voltando lá com mais um grupo, mas o Bola, nem fodendo.
- Aliás, porque "Bola" se ele não é gordo?
- É que ele era gordo quando era menino. Agora ele cresceu, mas o apelido ficou.
- Ah, tá.
Eu quis mais explicações:
- Mas vem cá, apenas por dar em cima da garota? Porra, isso é normal. Esquisito seria ele NÃO dar em cima.
- O problema não foi ele dar em cima ou não. O cara é babaca. Pirado. Meio doido. O problema foi o método, sacou?
- Não.
- O que você acha de um cara que convida a garota, sem conhecer, para ver as revistinhas pornôs BDSM gang bang dele?
- Hmmmm. Isso é mal bragaralho.
- E o que você acha de um cara que fica lambendo o picolé de um jeito meio tarado, ajeitando a mala na sunga e olhando para a garota na praia?
- É. Esquisito. E, porra, o cara usa sunga?
- Sunguíssima. Branquelo, barrigudinho e de sunga. Pode? E finalmente o que acabou de vez com a paciência do Seu Barzani: o que você acha de um cara que, à noite, quando a garota passa no pátio da pousada, ele abre a porta do chalé e fica se exibindo pelado?
- Hmmm...muito mal.
[Sansão] - Completamente sem noção.
Porra, até o Sansão concordava.
[Indie] - Então é isso. Bola em grupo meu, nunca mais. Never more.
Caímos na gargalhada e eu completei o papo:
- Mas deixa o Bola pra lá.
[Sansão] - Vamos pra Floripa, então?
[Eu] - Floripintão?
- Não, imbecil, Floripa ENTÃO.
- Ah. Bora nessa parada.
E nós três começamos a bater na mesa:
- FLORIPA, FLORIPA, FLORIPA, FLORIPA...
Senti a presença de alguém atrás de mim:
- Ôba, aê, simpatia, Floripa? Também vou!
Era o Bola, que tinha ouvido apenas o fim da conversa.
Continua...
Tudo começou, para variar, no City Bar, o sujinho mais querido e mais famoso de Campinas. Uma semana antes do carnaval de 2002, eu, Sansão e Aguinaldo Jones (ou Indie, para os íntimos), um chegado que trabalha com turismo, trocávamos umas ideias e umas cervas nas mesinhas amarelas, sob a brisa fresca do entardecer do Cambuí. O apelido "Jones" que acompanha o nome de Aguinaldo vem do chapéu de feltro que ele usa, que lembra o Indiana Jones, e pelo fato dele fazer grupos de turismo ecológico.
[Aguinaldo] – Pra onde vocês vão nesse feriado? Querem ir pra Floripa? Tô fechando um grupo.
[Sansão, animadinho] – Beleza, velho, é pra já, cara. Tô nessa.
Eu também topei. A verdade é que todo mundo topa entrar em um grupo de turismo do Aguinaldo. O esquema é modesto e baratinho, mas decente. E o principal: sempre tem mulher vazando pelo ladrão - e desacompanhada. A esposa dele faz farmácia na PUC e as amiguinhas sempre vão.
[Aguinaldo, com carinha de contrariado] – Só não quero levar o Bola. Pelo amor de Deus, o Bola, nem fodendo!
- Por que?
- Meu, você nem imagina o que aquele cara apronta. Bicho, ele é meio pirado, meio tarado, sei lá. Na Oktoberfest do ano passado ele foi comigo e me arrumou uma puta confusão que pintou até polícia na pousada.
[Sansão, rindo] - Nossa, o que rolou?
- Ele deu em cima de uma das filhas do seu Barzani, o italiano dono da pousada de Canasvieirias, em Floripa. Putz, cara, não quero nem lembrar. Justo o seu Barzani, um velho invocado pra cacete, durão, que não exita em sair no braço com ninguém. Caralho, cara, demorou pra recuperar a moral. Este ano eu tô voltando lá com mais um grupo, mas o Bola, nem fodendo.
- Aliás, porque "Bola" se ele não é gordo?
- É que ele era gordo quando era menino. Agora ele cresceu, mas o apelido ficou.
- Ah, tá.
Eu quis mais explicações:
- Mas vem cá, apenas por dar em cima da garota? Porra, isso é normal. Esquisito seria ele NÃO dar em cima.
- O problema não foi ele dar em cima ou não. O cara é babaca. Pirado. Meio doido. O problema foi o método, sacou?
- Não.
- O que você acha de um cara que convida a garota, sem conhecer, para ver as revistinhas pornôs BDSM gang bang dele?
- Hmmmm. Isso é mal bragaralho.
- E o que você acha de um cara que fica lambendo o picolé de um jeito meio tarado, ajeitando a mala na sunga e olhando para a garota na praia?
- É. Esquisito. E, porra, o cara usa sunga?
- Sunguíssima. Branquelo, barrigudinho e de sunga. Pode? E finalmente o que acabou de vez com a paciência do Seu Barzani: o que você acha de um cara que, à noite, quando a garota passa no pátio da pousada, ele abre a porta do chalé e fica se exibindo pelado?
- Hmmm...muito mal.
[Sansão] - Completamente sem noção.
Porra, até o Sansão concordava.
[Indie] - Então é isso. Bola em grupo meu, nunca mais. Never more.
Caímos na gargalhada e eu completei o papo:
- Mas deixa o Bola pra lá.
[Sansão] - Vamos pra Floripa, então?
[Eu] - Floripintão?
- Não, imbecil, Floripa ENTÃO.
- Ah. Bora nessa parada.
E nós três começamos a bater na mesa:
- FLORIPA, FLORIPA, FLORIPA, FLORIPA...
Senti a presença de alguém atrás de mim:
- Ôba, aê, simpatia, Floripa? Também vou!
Era o Bola, que tinha ouvido apenas o fim da conversa.
Continua...