Texto enviado por Zebedeu
Ok. O cara não descansa. Eu pensei que ele fosse ficar mais quietinho depois que resolveu morar com a Cleide mas, que nada. Acho até que piorou. Fiquei sabendo mais uma do Wóllison. E, graças a Deus, dessa eu não participei. Quem me contou foi o Coco de Itapetinga (BA), um amigo e “partner” do Wóllison.
Vamos falar um pouquinho do Coco de Itapetinga, pra que vocês, amigos bigotrônicos, conheçam um tantinho do rapaz. Vou ser bem rápido. O Coco de Itapetinga é um sujeito de uns trinta e poucos anos, baixinho (mais baixinho do que o Wóllison) e calmo. Bem calmo. De paz mesmo. É evangélico. Nem sei como ele consegue andar junto com o Wóllison. Está sempre de boa e não é de arrumar treta. Ele é alcunhado de Coco de Itapetinga porque tem a cabeça grande (um verdadeiro coco) e é de Itapetinga, na Bahia. Vale lembrar que o Coco é o único cara que o Wóllison não corrige quando ele ouve o nome dele. O Coco chama o Wóllison de “Ólisso”. Assim mesmo, “Óóólisso”, com o ózão bem aberto. E o Wóllison não corrige porque não adianta. Até já tentou, antigamente, mas desistiu. Vai daí que ficou Ólisso mesmo. Sempre que o Wóllison ouve o Coco falar o nome ele faz uma careta mas fica quieto.
Bom, quando o Wóllison pega algum trampo maior, daqueles que não dá para mandar ver sozinho, ele chama o Coco para ajudar e dá uma parte dos, vamos dizer assim, honorários do serviço. E não foi diferente dessa vez. Chamado para consertar o telhado da casa de praia de uma dentista aqui do prédio, em Ilha Bela, litoral aqui de São Paulo, lá foram os dois. Nem me perguntem se eles foram de Belina. Eu não sei. Mas acho que não porque o troço seria um perigo público. Acho que foram de ônibus.
Mas depois que eu fiquei sabendo que eles foram pra Ilha Bela, o Wóllison sumiu. Já fazia um bom tempinho que eu não via o sujeito. Cheguei até a ficar meio preocupado, porque ele sempre está por aqui, fazendo uma coisinha ou outra, trabalhando para mim ou para outro condômino. Eu pensava comigo, “puxa vida, onde será que se meteu o Wóllison?”. Mas outro dia eu encontrei o Coco de Itapetinga, que me explicou tudo. Eu estava saindo do prédio quando dei de cara com o Coco. Eu segurei o figura pelo braço. E daqui pra frente ou vou narrar o acontecido na linguagem do próprio Coco.
- Ô, Coco, e aí meu fio, beleza?
- Ôxi, dotô, meu chegado, beleza, e aê?
- Rapaz, cadê o Wóllison?
- O Ólisso?
- É. O Wóllison.
- Olhe minino, que eu nem lhe conto. Deu um cocoreco do capeta lá em Ilha Bela.
Segurei pra não rir, já imaginando que vinha cagada pela frente:
- Não diga, rapaz. Mas, o que é qui houve?
- Bão, nóis saímo daqui e fomo pra Ilha Bela, né.
- Tô sabendo.
- Tú cunhece Ilha Bela?
- Já fui. É bonito lá.
- Ôxi, é lindo. Mas tem muriçoca que é o diabo. Fica picando a gente de tarde e de noite. É o cão.
- É. Isso é foda mesmo por lá. Já senti esse drama. Mas o que foi que rolou com o Wóllison, porra.
- Bão, nóis chegamo na casa onde nóis ia arrumar o teiado. Chegamo lá na casa da mulé de noitinha e o Ólisso já foi pro buteco. Eu fiquei por ali, e já que ela tinha autorizado nóis a usar a casa, eu assisti o jogo do Curintia na télévisão, depois fiquei lendo um pouco a Bílbla, peguei no sono e nun vi mais a fuça do Ólisso, até de manhãzinha, quando ele me acordou com uma puta cara de maracujá mucho, dizendo que era pra nóis pegar rumo e trabalhá. Bão, arrumamo tuda as férramenta, pégamo a escada e subimo no teiado que era pra mó de arruma o maderame, que tava estragado e dando goteira. Casa bonita, viu, dotô. Ôxi. Pertinho da praia. Tem até piscina.
- Ok. Beleza. E aí?
- Bão, então, assim que nóis subimo bem lá em cima, o Ólisso começou a destelhar o pedaço onde nóis ia arrumar. Eu fiquei do lado, em pé, cuidando pra não cair, ségurando na antena da télévisão, esperando o Ólisso mandar eu subir as ripa que tavam no chão pra colocar no lugar das que tavam estragada. Fiquei olhando pra lá e pra cá, só observando a rua e o móvimento. E foi aí que eu vi, dotô.
- Viu o que, carai.
- A casa das minas péladas.
- Minas peladas?
- Péladinhas.
Acho que não consegui disfarçar a risadinha. Mas o sujeito é simplório e não percebeu:
- Meu Deus, me conta aê, rapá. Que qui rolou?
- Bão, como eu tava dizeno (sic), nóis tava em riba do téiado. Eu espichei o olho pro lado direito e vi que a casa vizinha tinha uma janela aberta. E dava pra ver a cama, que tinha três minas péladas.
- Elas estavam fazendo o que, dormindo?
- Que nada. Tavam no maior rala e rola. A festa tava boa.
Com isso, até eu me empolguei:
- Ihihihiiii...e aê?
- E aí que eu cutuquei o Ólisso e falei pra ele que tinha umas minas péladas na casa vizinha. Pra que, doutor. O home ficou vesgo. Não sabia mais se arrumava as teia ou se olhava as minas. Só ficava falando “uia, uia, uia”. E as minas tavam mesmo numa festa de arrepiar. Era uma lambendo a outra que dava gosto. Até eu, que sou evangélico, fiquei empolgado.
- É evangélico mas é homem, ué.
- Pois é. E o Ólisso lá, querendo ver. Ele falou que era pra eu ficar quieto e deitou de barriga no téiado e desceu até a beiradinha. Ficou deitado no teiado, com a cabeça na beiradinha e as perna pra riba. Ele falou que era pra eu deitar tomem, mas eu tinha medo de largar do ferro da antena e fiquei ségurando, ali, duro. Não tinha coragem de largar nem a pau. Mas doutor, vou lhe contá, o troço era bunito de ver. As minhas eram bonitinhas. Duas morenas e uma loirinha. Deviam ser de São Paulo. Tudo cocota.
- E o Ólisso, quer dizer, o Wóllison?
- Foi aí que aconteceu a tragédia.
- Meu Deus, qual tragédia?
- Cada vez que uma das moreninhas mamava os peitos da lorinha o Ólisso falava “Uia”. Cada vez que a loirinha mordia a xana das morenas era “UUUIA”. E eu também quis chegar mais perto. Larguei do cano da antena da télevisão e comecei a andar no téidado. Mas escorreguei, doutor. Escorreguei e caí de bunda. Fez um baita barulhão e as minas ouviram, acabaram vendo a gente, fecharam a janela e começaram a gritar. Eu fui descendo e escorregando de bunda, sem conseguir me segurar, porque o téiado era bem inclinado, e acabei empurrando o Ólisso pra baixo. Eu até tentei pegar ele pelo calção, mas não deu. Só escutei o UÁÁÁÁ... A visão dele caindo ainda me assombra de noite.
- Mas, foi grave? Minha Nossa Senhora?
- A sorte foi a piscina, que tava bem embaixo. O Ólisso mergulhou com tudo e evitou o pior. Quebrou só a bacia. Inté onte ele tava intérnado lá na Santa Casa de Ilha Bela.
Bom, pra fechar, segundo o Coco, depois da gritaria as tais “minas” não saíram nem na rua, que era pra não dar bandeira, e ficaram na delas. Alguns pedreiros de uma outra obra socorreram o Wóllison. E depois dos esclarecimentos sobre o estado de saúde do meu amigo, levei o Coco pra tomar um carfezinho no bar da Rute.
Mas o Wóllison já está bem. Já retornou de Ilha Bela e já está assombrando por aqui. Já está falando até em voltar lá pra Ilha Bela.
Vamos falar um pouquinho do Coco de Itapetinga, pra que vocês, amigos bigotrônicos, conheçam um tantinho do rapaz. Vou ser bem rápido. O Coco de Itapetinga é um sujeito de uns trinta e poucos anos, baixinho (mais baixinho do que o Wóllison) e calmo. Bem calmo. De paz mesmo. É evangélico. Nem sei como ele consegue andar junto com o Wóllison. Está sempre de boa e não é de arrumar treta. Ele é alcunhado de Coco de Itapetinga porque tem a cabeça grande (um verdadeiro coco) e é de Itapetinga, na Bahia. Vale lembrar que o Coco é o único cara que o Wóllison não corrige quando ele ouve o nome dele. O Coco chama o Wóllison de “Ólisso”. Assim mesmo, “Óóólisso”, com o ózão bem aberto. E o Wóllison não corrige porque não adianta. Até já tentou, antigamente, mas desistiu. Vai daí que ficou Ólisso mesmo. Sempre que o Wóllison ouve o Coco falar o nome ele faz uma careta mas fica quieto.
Bom, quando o Wóllison pega algum trampo maior, daqueles que não dá para mandar ver sozinho, ele chama o Coco para ajudar e dá uma parte dos, vamos dizer assim, honorários do serviço. E não foi diferente dessa vez. Chamado para consertar o telhado da casa de praia de uma dentista aqui do prédio, em Ilha Bela, litoral aqui de São Paulo, lá foram os dois. Nem me perguntem se eles foram de Belina. Eu não sei. Mas acho que não porque o troço seria um perigo público. Acho que foram de ônibus.
Mas depois que eu fiquei sabendo que eles foram pra Ilha Bela, o Wóllison sumiu. Já fazia um bom tempinho que eu não via o sujeito. Cheguei até a ficar meio preocupado, porque ele sempre está por aqui, fazendo uma coisinha ou outra, trabalhando para mim ou para outro condômino. Eu pensava comigo, “puxa vida, onde será que se meteu o Wóllison?”. Mas outro dia eu encontrei o Coco de Itapetinga, que me explicou tudo. Eu estava saindo do prédio quando dei de cara com o Coco. Eu segurei o figura pelo braço. E daqui pra frente ou vou narrar o acontecido na linguagem do próprio Coco.
- Ô, Coco, e aí meu fio, beleza?
- Ôxi, dotô, meu chegado, beleza, e aê?
- Rapaz, cadê o Wóllison?
- O Ólisso?
- É. O Wóllison.
- Olhe minino, que eu nem lhe conto. Deu um cocoreco do capeta lá em Ilha Bela.
Segurei pra não rir, já imaginando que vinha cagada pela frente:
- Não diga, rapaz. Mas, o que é qui houve?
- Bão, nóis saímo daqui e fomo pra Ilha Bela, né.
- Tô sabendo.
- Tú cunhece Ilha Bela?
- Já fui. É bonito lá.
- Ôxi, é lindo. Mas tem muriçoca que é o diabo. Fica picando a gente de tarde e de noite. É o cão.
- É. Isso é foda mesmo por lá. Já senti esse drama. Mas o que foi que rolou com o Wóllison, porra.
- Bão, nóis chegamo na casa onde nóis ia arrumar o teiado. Chegamo lá na casa da mulé de noitinha e o Ólisso já foi pro buteco. Eu fiquei por ali, e já que ela tinha autorizado nóis a usar a casa, eu assisti o jogo do Curintia na télévisão, depois fiquei lendo um pouco a Bílbla, peguei no sono e nun vi mais a fuça do Ólisso, até de manhãzinha, quando ele me acordou com uma puta cara de maracujá mucho, dizendo que era pra nóis pegar rumo e trabalhá. Bão, arrumamo tuda as férramenta, pégamo a escada e subimo no teiado que era pra mó de arruma o maderame, que tava estragado e dando goteira. Casa bonita, viu, dotô. Ôxi. Pertinho da praia. Tem até piscina.
- Ok. Beleza. E aí?
- Bão, então, assim que nóis subimo bem lá em cima, o Ólisso começou a destelhar o pedaço onde nóis ia arrumar. Eu fiquei do lado, em pé, cuidando pra não cair, ségurando na antena da télévisão, esperando o Ólisso mandar eu subir as ripa que tavam no chão pra colocar no lugar das que tavam estragada. Fiquei olhando pra lá e pra cá, só observando a rua e o móvimento. E foi aí que eu vi, dotô.
- Viu o que, carai.
- A casa das minas péladas.
- Minas peladas?
- Péladinhas.
Acho que não consegui disfarçar a risadinha. Mas o sujeito é simplório e não percebeu:
- Meu Deus, me conta aê, rapá. Que qui rolou?
- Bão, como eu tava dizeno (sic), nóis tava em riba do téiado. Eu espichei o olho pro lado direito e vi que a casa vizinha tinha uma janela aberta. E dava pra ver a cama, que tinha três minas péladas.
- Elas estavam fazendo o que, dormindo?
- Que nada. Tavam no maior rala e rola. A festa tava boa.
Com isso, até eu me empolguei:
- Ihihihiiii...e aê?
- E aí que eu cutuquei o Ólisso e falei pra ele que tinha umas minas péladas na casa vizinha. Pra que, doutor. O home ficou vesgo. Não sabia mais se arrumava as teia ou se olhava as minas. Só ficava falando “uia, uia, uia”. E as minas tavam mesmo numa festa de arrepiar. Era uma lambendo a outra que dava gosto. Até eu, que sou evangélico, fiquei empolgado.
- É evangélico mas é homem, ué.
- Pois é. E o Ólisso lá, querendo ver. Ele falou que era pra eu ficar quieto e deitou de barriga no téiado e desceu até a beiradinha. Ficou deitado no teiado, com a cabeça na beiradinha e as perna pra riba. Ele falou que era pra eu deitar tomem, mas eu tinha medo de largar do ferro da antena e fiquei ségurando, ali, duro. Não tinha coragem de largar nem a pau. Mas doutor, vou lhe contá, o troço era bunito de ver. As minhas eram bonitinhas. Duas morenas e uma loirinha. Deviam ser de São Paulo. Tudo cocota.
- E o Ólisso, quer dizer, o Wóllison?
- Foi aí que aconteceu a tragédia.
- Meu Deus, qual tragédia?
- Cada vez que uma das moreninhas mamava os peitos da lorinha o Ólisso falava “Uia”. Cada vez que a loirinha mordia a xana das morenas era “UUUIA”. E eu também quis chegar mais perto. Larguei do cano da antena da télevisão e comecei a andar no téidado. Mas escorreguei, doutor. Escorreguei e caí de bunda. Fez um baita barulhão e as minas ouviram, acabaram vendo a gente, fecharam a janela e começaram a gritar. Eu fui descendo e escorregando de bunda, sem conseguir me segurar, porque o téiado era bem inclinado, e acabei empurrando o Ólisso pra baixo. Eu até tentei pegar ele pelo calção, mas não deu. Só escutei o UÁÁÁÁ... A visão dele caindo ainda me assombra de noite.
- Mas, foi grave? Minha Nossa Senhora?
- A sorte foi a piscina, que tava bem embaixo. O Ólisso mergulhou com tudo e evitou o pior. Quebrou só a bacia. Inté onte ele tava intérnado lá na Santa Casa de Ilha Bela.
Bom, pra fechar, segundo o Coco, depois da gritaria as tais “minas” não saíram nem na rua, que era pra não dar bandeira, e ficaram na delas. Alguns pedreiros de uma outra obra socorreram o Wóllison. E depois dos esclarecimentos sobre o estado de saúde do meu amigo, levei o Coco pra tomar um carfezinho no bar da Rute.
Mas o Wóllison já está bem. Já retornou de Ilha Bela e já está assombrando por aqui. Já está falando até em voltar lá pra Ilha Bela.