quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Wollison na Boate Ranchinho (parte 1)



Texto enviado por Zebedeu

Quem lê as minhas participações aqui no Bigo pode até pensar que eu sou um sujeito chegado em zona. Não sou. Sou um cara tranqüilo e caseiro. O problema é que eu tenho alguns amigos que me levam a situações de encrenca, de vez em quando. Amigos como o Wóllison, por exemplo, o baiano ascensorista do prédio onde eu trabalho, de quem eu já falei em ocasião anterior (clique aqui para ler a parte 1 e parte 2 dessa treta). Então aqui vai mais uma “aventura”. Agora na Boate “Ranchinho”, um puteirinho mais ou menos maneiro que tem aqui em Campinas. O nome do lugar não é exatamente esse, mas vamos trocar que é pra não dar pepino.

Pois lá estou eu chegando no trabalho, numa bela manhã de sol. Eu entro no elevador:

- Fala, Wóllison.

O dito cujo estava com uma cara alegrinha nesse dia:

- Doutor, seguinte, ganhei no bicho e tô a fim de gastar na boate da Bete. Tá na parada? Já que o senhor gostou daquela última vez a gente pode repetir a dose.
- É. Foi uma delícia (putz).
- É isso aí. Assim é que se fala. E eu vou torrar logo a grana antes que a Cleide descubra e queira comprar móveis, geladeira, televisão, essas coisas. Doutor, ela não desiste daquela porra de idéia de casar. Não sei mais o que eu faço. Bom, eu vou é torrar tudo antes que dê merda. E aí? Tá nessa?

E, como sempre, são nesses momentos que entra sal no meu angu. É exatamente aí que afloram o meu instinto pra mancada e o meu dom natural pra me envolver em roubada:

- Bora, então. Mas, vem cá. Eu tenho uma idéia. Que tal a gente ir no Ranchinho? Só tem filé por lá, rapaz. É coisa de outro mundo.
- Porra, doutor, Ranchinho? O Ranchinho é caro.
- Que nada. Você não diz que está com grana e quer torrar?
-É.
- Então.

Ele deu uma pensada e:

- Beleza. Tô nessa. Iiissaaa!! Ó, sabadão eu passo com o meu carro na sua casa e ...
- Não, não, não, pode deixar (nem fodendo que eu ia montar naquela Belina de novo). Desta vez eu vou com o meu Niva (nessa época eu tinha um Lada Niva bonitinho). E vamos na quinta-feira. No Ranchinho de sábado é ruim. Onde eu te apanho?

Naqueles tempos o Wóllison não estava mais morando no prédio. Ele morava oficialmente em uma república perto da rodoviária, e extra oficialmente com a Cleide.

- Passa lá na república.
- Falou.
- Combinado.

Passam-se alguns dias e chega a quinta-feira. Saí do escritório, tomei um banhão, e lá pelas dez horas peguei o Niva e fui pra república do Wóllison. Chegando lá, o cara sai na rua pra me encontrar e já estava com o olho meio vermelho de quem tinha tomado umas biritas. Eu dei um toque pra ver se escapava do rolo na última hora:

- Cara, cê tá legal mesmo? Tem certeza que você quer ir?
- Doutor, tu num cunhece esse baianinho aqui. Tu passa mel no meu beiço é quer amarelar agora? Eu tô é seco. Bora.
- Sendo assim...

Ele entrou no Niva e partimos. Algumas quadras adiante:

- Doutor, para ali na padaria que eu preciso comprar cigarro.
Eu parei, ele desceu e entrou na padaria. Voltou com duas latinhas de cerveja e dois maços de Derby. Oferece uma latinha:
- Não. Obrigado. E não fuma no carro.
- Tóca a lenha, doutor. É hoooooje...

O Wóllison foi mamando as cervas do centro até o bairro onde fica a boate Ranchinho. É longe. Tem que pegar uma estrada e sair da cidade. Quando nós chegamos ele já estava mais pra lá do que pra cá. A boate é toda cercada por muros altos. Eu parei o jeep em frente o portão de madeira, que é bem grande. O Wóllison já foi falando:

- Porra, doutor, o Ranchinho é isso aqui? Parece cadeia.
- Fica frio aí que lá dentro é legal. E se comporte que aqui tem uns seguranças marrudos.
Um dos seguranças, de terno preto, com quase dois metros de altura e meio metro de diâmetro de pescoço abriu o portão:
- Pode entrar senhor. Estacione à direita.

O Wóllison, com o “zóião” vermelho:

- Boa noite.

Eu estacionei o jeep e nós entramos. O movimento estava mais ou menos, nem cheio, nem vazio. O ambiente lembra aqueles salões de baile antigos, com as mesas e cadeiras em um plano mais alto do que a pista de dança. Do lado direito tem um palco, onde ocorrem shows de strip. No teto, aquele globo clássico, que tem em todo puteiro, reluzindo e espalhando estrelas. Havia algumas garotas bonitinhas. Se você for ao Ranchinho no dia certo, vai achar coisa boa. Não é, assim, aquele clube porto alegrense, mas dá pro gasto. Uma morena se aproximou da gente...

Continua...


*BÔNUS: Os tipos masculinos que frequentam um puteiro.