quinta-feira, 25 de junho de 2009

CONTOS DEMENTES - Wilson, o traficante de Cristo





Episódio de hoje: Toicinho Revolutions

Versão brasileira: Dublavídeo MS


Cacareco estava em cima do corpo de Wilson Cristo. Wilson estava com o rosto desfigurado depois de levar mais de 70 mordidas de Cacareco. Cacareco dava risadas com a boca ensanguentada e se arrastava pelo chão como uma lagartixa no cio. Rapidamente, dois capangas de Cacareco se aproximam:

- [Capanga] Tudo bem, Cacareco?
- HAHAHAHAHAHHAHA! Estou quase gozando na cueca! HAHAHAHAHAHA!!! Eu matei esse puto...EU MATEI O PUTO DO WILSON! HAHAHAHAH!!!
- Só...
- Só? SÓ??? A GENTE DOMINOU O MORRO, RAPÁ! WILSON FOI PRA VALA! A GENTE GANHOU ESSA PORRA! E VOCÊ AINDA TEM A CORAGEM DE FALAR APENAS "SÓ"? TÁ DOIDÃO?
- É modo de falar chefia! Desculpa aê, não foi a intenção!
- E cadê o resto do povo?
- Uma turma subiu o morro e tá matando geral. Os soldados do Wilson tão fugindo que nem uns frangos! Outra turma tá nas entradas do morro deixando ninguém subir. Tâmu passando o rodo!
- Bom! Muito bom! Agora pega a minha cadeira de roda pra eu ver esse espetáculo de camarote. Aliás, tenho idéia melhor: vou humilhar mais esse puto do Wilson!
- Mas ele já tá morto, chefia!
- Não pedi sua opinião, filho da puta! Abaixa as calças do Wilson, vai logo!

O capanga, acanhado, se aproxima do corpo de Wilson e retira suas calças.

- [Cacareco] Agora eu vou enrabar esse merda! Vou humilhar bonito esse babaca! Nem morto ele vai ter sossego comigo.

Cacareco abaixa as calças e se rasteja até ficar em cima do corpo de Wilson.

- [Cacareco] VIRAM? VIRAM? Tô enrabando ele! OLHEM! OLHEM!

"Caralho, de novo essa merda! O chefe devia se tratar" cochicha um capanga. "E aleijado fica de pau duro? Nem sabia" o outro.

- [Cacareco] Ei, o que vocês tão gemendo aí?
- [Capanga] Nada, nada...
- Eu ouvi! O que vocês tavam falando?
- Nada demais, chefia. A gente tava falando que... que tá quente pra caralho. Só isso!
- Sei. AHHHHHHHHHHHH!!! Ui, caralho, gozei! Agora é a vez de vocês.
- C-Como?
- É isso aí. Agora vocês comem o Wilson também. Aproveita que ele ainda tá quentinho.
- Senhor, a gente pode chamar outro cara pra fazer isso. É só...
- Eu quero vocês dois! ESTOU FALANDO COM VOCÊS, PORRA!
- M-mas...

Antes de terminar de responder, o capanga leva um tiro na nuca. O outro capanga se assusta e tenta correr, mas leva um tiro no meio das costas. Das sombras surge China, empurrando a cadeira de roda de Cacareco e segurando uma pistola. Sem uma orelha e com metade do rosto coberta de sangue, China deixa Cacareco em pânico.

- CHI-CHINA?? Caralho, eu te vi levando um pipoco e caindo duro!
- [Apontando a arma] Nunca!
- Mas peraí! Bora negociar! Te libero uma grana pra você me tirar daqui! Uma grana preta! N-não precisa me matar!
- NUNCA!
- E-eu...
- [Arregalando os olhos vermelhos] NUNCA!!!!!

China tira a camiseta ensopada de sangue, amarra na cabeça e se senta na cadeira de rodas de Cacareco. Em seguida ele pega embalo e desce a morro disparando para cima. "NUNCAAAAAAAAAAAA!!!", gritava China enquanto descia a ladeira em cima da cadeira de rodas.

De longe, Professor e Saddam observam tudo perplexos:

- [Professor] O China surtou!
- Mas ele nunca bateu bem da cabeça. Eu ainda tinha esperança que ele matasse o Cacareco. É...agora fudeu!
- E agora? O que a gente faz?
- Bora ficar quieto! O morro tá perdido. Já era! Bora se esconder em outro canto e esperar ficar de noite. Depois a gente some daqui.
- Tá.

Cacareco se arrasta pelo chão em direção ao palco de shows. Um capanga o avista:

- [Capanga] Precisa de ajuda aí, chefia?
- Claro! Eu quase rodei agora!!! Mas...vai lá e pega uma cadeira de roda pra mim. Tem uma na Kombi de maria-mole.
- Peraí.

Em 10 minutos o capanga volta com uma cadeira de rodas. Logo após Cacareco se sentar, o walki-talkie dos capangas começa a apitar. Um deles responde, mas a comunicação tinha muita interferência:

- Bigode Vermelho na escuta. Câmbio!
- Aqui é o Bigode Roxo...SHHHHHHH...tem um louco aqui na entrada do morro matando todo mundo em cima duma cadeira de roda! Ele é um negão...SHHHHHH...levou uns 20 tiros e não caiu! O cara...SHHHHHH...muito louco! Ele...SHHHHH...em cima de mim e a...AHHHHHHHHHHHHH!!!!
- Bigode Roxo? Alô, câmbio? Bigode Roxo??
- [Cacareco] É o China que matou eles. O maluco tá na entrada do morro matando nego nosso.
- Cacete! O que a gente vai fazer?
- Bora sumir o morro. Lá em cima eu penso nisso.

Ao subirem o morro, Cacareco vê alguns dos homens de Wilson atirando de dentro de um bar. O bar estava cercado pelos "Teletubbies" e mais uma dezena de soldados de Cacareco. O tiroteiro estava feio e não demorou muito para os homens de Wilson se renderem. Eles eram os últimos que ainda tentavam defender o morro. "Podem matar geral. Mas deixem aquele ali com a camisa do Vasco vivo", disse Cacareco. Os "Teletubbies" disparam nos homens de Wilson. Só sobra o infeliz com a camisa do Vasco. Cacareco se aproxima de um de seus capangas e aperta seu saco com toda a força.

- Sabe porque deixei aquele maluco ali vivo?
- AIIIIII...n-não sei!!! AIIIIIII!!!
- Olha pro pé dele, porra. O que ele tá calçando?
- AIIII...é ALL STAR! ALL STAR!!!
- Sabe o que acho de quem usa esse tênis, né?
- É VIADO!!! AIIII!!! É COISA DE VIADOOOO!!!
- Isso mermo.

Cacareco se aproxima do sobrevivente.

- Rapá, teus amigos tiveram a sorte de morrer. Você não.
- [Suando frio] É ma...
- CALA A BOCA! Por usar esse tênis de merda, você terá uma morte lenta e dolorosa. Já que a gente tá num bar, eu quero que você beba Campari até a morte. Achem uma garrafa aí!

Os homens de Cacareco reviram o balcão do bar e acham três garrafas de Campari.

- [Cacareco] Pode começar, rapá. Quero que você beba tudo até ir pro saco. Uma bebida de puta para um puto de All Star!

O rapaz bebeu uma garrafa inteira de Campari e se segurava para não vomitar. Em cima da laje do bar, Professor e Saddam observam tudo escondidos.

- Porra, Saddam, olha o lugar que você resolveu se esconder. A gente tá cercado! Tâmu fudido!
- Fala baixo! Acho que eles vão subir o morro, daí a gente sai daqui.
- É uma. Mas...ei, alguém tá subindo aqui na laje!
- Onde?
- Sei lá! Escuta o barulho! Fudeu!

Uma sombra cobre Saddam e Professor. Assustados eles olham para trás. Era China, vestindo apenas uma cueca e com uma camiseta amarrada na cabeça. Seu corpo tinha marcas de bala e sangue coagulado. Um filete de sangue escorria de seu nariz e do que sobrou de sua orelha esquerda.

- [Saddam] China! Caralho, você tá bem?
- Nun....ca....
- Hã?
- NHÉ!
- Porra, fala baixo ou escutam a gente aqui!

China tira puxa duas granadas que estavam escondidas em sua cueca. Ele puxa os pinos e fica olhando para o vazio.

- [Saddam] China, porra, joga logo essa granada longe! Tá doidão??
- Nhé.
- Cara, a gente vai explodir aqui, caralho!
- Bilú.
- [Professor] Velho, o miolo dele ferveu com tanto pó! Bora correr daqui!

Enquanto Professor e Saddam discutem, China escuta Cacareco falar "All Star" em alto e bom tom. Ele arregala os olhos e corre para o térreo. China avista Cacareco e salta em sua direção com as granadas nas mãos. O garoto que usava All Star pula para trás do balcão do bar. Os capangas de Cacareco não têm tempo de reagir.

- [China, voando em câmera lenta] ALL STAR!!!! ARRRRRGHHHHHHH!!!
- [Cacareco, em câmera lenta] Hein..?

As granadas explodem. Todos os homens de Cacareco morrem.

Professor e Saddam descem da laje e observam o massacre. Havia corpos para todos os lados. Ao passarem perto do balcão um garoto se levanta no meio dos escombros.

- [Professor] Boi? É você?
- É! P-pulei aqui quando o China entrou correndo!
- Caralho, eu ouvi toda a conversa lá de cima da laje. Pensei que você ia rodar! Teu tênis salvou tua vida, hein?
- Pois é, mano! Nem sabia que tanta gente odiava Au Istá.
- Mano, o China odiava. Ele tinha uns traumas com esse troço. Agora eu não sabia dessa raiva do Cacareco.

Saddam pega no ombro de Professor.

- É...acho que agora acabou.
- [Professor] Pois é.
- E para onde você vai agora?
- Acho que vou para o Mato Grosso morar com um primo no interior. O contato com a natureza vai me fazer bem. Os animais não têm maldade no coração. E você?
- Vou tentar mexer com alguma coisa mais leve. Tráfico de órgãos, filme pornô, agenciar traveco pra Europa, sei lá. Essa vida de tráfico me cansou.
- É, foi bom enquanto durou. Mas vou indo nessa. Vou pegar uma muda de roupa em casa e sumir daqui.
- É verdade. Boa sorte, mano! A gente se fala por i-meio!
- Só. Abraço mano véio!
- Se cuida!
- E Boi, o que você vai fazer?
- [Boi] Acho...acho que vou abrir um loja de Au Istá aqui no morro. Esse tênis salvou minha vida. Isso é um sinal de Jesus!
- Jesus?? Já cansei desse papo. Mas boa sorte aí.

Cada um vai para seu lado. Dentro do bar, o corpo de China, queimado e sem os braços, abre os olhos e se movimenta. "Nunca", gemia China, enquanto se arrastava para fora do bar.

O corpo de China nunca seria localizado.


FIM