Lagoa do Taquaral
Texto enviado por Zebedeu
Como o Tacoleta estava sentado com a gente no City Bar, tomando umas cervas, o Sansão me tirou da mesa e me levou pra perto da porta do banheiro:
- Cara, eu vou encher aquela mulher de porrada!
- Peraí bicho, que mulher que você vai encher de porrada?
- A Anabeli.
- Você vai encher a Anabeli de porrada? Ficou maluco?
- Fiquei. E você vai me ajudar.
Tentei sair de perto, mas ele me puxou:
- Que porra de amigo é você?
[Eu, nervoso] - Tá, tá, tá, tá. Que que rola?
Ele me mostrou a carta, escrita à mão e com letra de mulher. Bem no começo já deu pra ver, em maiúsculas, “SEU CORNO”. Peguei a carta da mão dele e começei a ler o resto:
“Sansão, seu viadinho e corno, a Anabeli está cozinhando pra fora. É só vc ir até a Lagoa do Taquaral ou de terça ou de quinta, que são os dias em que ela não está com vc e vc vai ver. Ela está dando para o Maromba, seu corno. Assinado: tua migucha.”
Pra quem não conhece Campinas, a Lagoa do Taquaral é como o Parque da Cidade de Brasília. De dia é uma beleza, é a hora do pessoal saradão que faz cooper, mas à noite outro pessoal toma conta e usa o local para as mais diversas utilidades menos nobres, como estacionar o carro e trepar, por exemplo. E dá de tudo por ali. Olhei arregalado para o Sansão:
- Esse Maromba é quem eu estou pensando?
- Não sei, mas é o único que a gente conhece, então...
- Belo, esse cara não era metido a lutar jiu-jitsu?
- Tudo conversa fiada, Zeba. O cara é mó bundão.
- Sei. Bundão? Um bundão de um metro e noventa e forte pra caralho?
- Vai me deixar na mão?
- O que você pretende fazer?
- Eu vou botar pra foder, cara. Vou arrepiar. Vamos até a Lagoa. Que dia é hoje?
- Terça-feira.
- Então é hoje. Bora ver esse negócio. E se prepare que eu vou encher aquela vagabunda de porrada!
Dei uma cofiada no bigode e senti que a parada ia ser dura. E não teve jeito. Nos despedimos do pessoal com uma conversinha fiada e fomos pra Lagoa. No MEU carro. Engraçado que as merdas só acontecem com o MEU carro. Nunca com o dele! Assim que chegamos já deu pra ver o carro dela, um Astra prata, parado embaixo de uma figueira grande, bem no escurinho. Estacionamos do outro lado da rua e ficamos escondidos atrás do Uno, espiando.
[Sansão, esticando o pescoçinho] – Olha lá, olha lá, Zeba, é ela!
- Fala baixo, filhodaputa. Se o Maromba escuta...
- Porra, você veio aqui pra que? Pra me ajudar ou pra me foder?
- Fica quieto, caralho, que eu estou tentando conferir a parada e ver quem está com ela. Será que é o Maromba mesmo? Não tá dando pra ver daqui.
- Claro que é o Maromba, cara. Quem há de ser? Eu tenho as provas. A carta!
- Sua besta! Desde quando carta prova alguma coisa?
- Então eu vou lá.
E saiu de trás do Uno tão rápido que não deu tempo de eu segurar o lazarento. Quando eu vi ele já estava batendo no vidro do carro dela. Eu pensei “pronto, estou fudido, vou entrar num cacete que a minha mãe não vai conseguir me reconhecer no IML”. E fui até o carro da Anabeli tentar controlar a testosterona do Sansão. Ele dava murros no vidro:
- Sua piranha! Sua vagabunda! É assim que você me trata depois de tudo o que nós passamos juntos? Eu não mereço! Eu fiz tudo por você, sua vadia desqualificada!
Cara, e agora é que vem o melhor: a Anabeli já saiu do carro metendo sopapos no Sansão.
- Quem é piranha aqui?
E PÁ, dá-lhe sopapo.
Bicho, o sopapo da Anabeli pegava por trás, no pescoço, de orelha a orelha. E estalava. PÁÁU.
- Quem é vagabunda? Sua tentativa de homem! Seu moleque de merda!
PÁ, outro sopapo.
- Como é que é? Vadia?
PÁ.
- Desqualificada??
PÁÁÁÁU.
O Sansão começou a afinar:
- Calma, meu amor! Você está um pouquinho exaltada.
- Sai daqui seu moleque nojento!
PÁÁÁU!
E foi aí que eu vi que NÃO era o Maromba que estava com a Anabeli. Era outra mulher. Uma sirigaita que eu nem conhecia e que, felizmente, tinha os ânimos bem mais serenos do que a Anabeli e, junto comigo, tentava acalmar a monstra. Bom, fim de tudo: eu trouxe o Sansão de volta pro centro da cidade e ele veio chorando copiosamente. Ele nunca mais voltou a comer a Anabeli. E me pediu segredo sobre a história.
Como o Tacoleta estava sentado com a gente no City Bar, tomando umas cervas, o Sansão me tirou da mesa e me levou pra perto da porta do banheiro:
- Cara, eu vou encher aquela mulher de porrada!
- Peraí bicho, que mulher que você vai encher de porrada?
- A Anabeli.
- Você vai encher a Anabeli de porrada? Ficou maluco?
- Fiquei. E você vai me ajudar.
Tentei sair de perto, mas ele me puxou:
- Que porra de amigo é você?
[Eu, nervoso] - Tá, tá, tá, tá. Que que rola?
Ele me mostrou a carta, escrita à mão e com letra de mulher. Bem no começo já deu pra ver, em maiúsculas, “SEU CORNO”. Peguei a carta da mão dele e começei a ler o resto:
“Sansão, seu viadinho e corno, a Anabeli está cozinhando pra fora. É só vc ir até a Lagoa do Taquaral ou de terça ou de quinta, que são os dias em que ela não está com vc e vc vai ver. Ela está dando para o Maromba, seu corno. Assinado: tua migucha.”
Pra quem não conhece Campinas, a Lagoa do Taquaral é como o Parque da Cidade de Brasília. De dia é uma beleza, é a hora do pessoal saradão que faz cooper, mas à noite outro pessoal toma conta e usa o local para as mais diversas utilidades menos nobres, como estacionar o carro e trepar, por exemplo. E dá de tudo por ali. Olhei arregalado para o Sansão:
- Esse Maromba é quem eu estou pensando?
- Não sei, mas é o único que a gente conhece, então...
- Belo, esse cara não era metido a lutar jiu-jitsu?
- Tudo conversa fiada, Zeba. O cara é mó bundão.
- Sei. Bundão? Um bundão de um metro e noventa e forte pra caralho?
- Vai me deixar na mão?
- O que você pretende fazer?
- Eu vou botar pra foder, cara. Vou arrepiar. Vamos até a Lagoa. Que dia é hoje?
- Terça-feira.
- Então é hoje. Bora ver esse negócio. E se prepare que eu vou encher aquela vagabunda de porrada!
Dei uma cofiada no bigode e senti que a parada ia ser dura. E não teve jeito. Nos despedimos do pessoal com uma conversinha fiada e fomos pra Lagoa. No MEU carro. Engraçado que as merdas só acontecem com o MEU carro. Nunca com o dele! Assim que chegamos já deu pra ver o carro dela, um Astra prata, parado embaixo de uma figueira grande, bem no escurinho. Estacionamos do outro lado da rua e ficamos escondidos atrás do Uno, espiando.
[Sansão, esticando o pescoçinho] – Olha lá, olha lá, Zeba, é ela!
- Fala baixo, filhodaputa. Se o Maromba escuta...
- Porra, você veio aqui pra que? Pra me ajudar ou pra me foder?
- Fica quieto, caralho, que eu estou tentando conferir a parada e ver quem está com ela. Será que é o Maromba mesmo? Não tá dando pra ver daqui.
- Claro que é o Maromba, cara. Quem há de ser? Eu tenho as provas. A carta!
- Sua besta! Desde quando carta prova alguma coisa?
- Então eu vou lá.
E saiu de trás do Uno tão rápido que não deu tempo de eu segurar o lazarento. Quando eu vi ele já estava batendo no vidro do carro dela. Eu pensei “pronto, estou fudido, vou entrar num cacete que a minha mãe não vai conseguir me reconhecer no IML”. E fui até o carro da Anabeli tentar controlar a testosterona do Sansão. Ele dava murros no vidro:
- Sua piranha! Sua vagabunda! É assim que você me trata depois de tudo o que nós passamos juntos? Eu não mereço! Eu fiz tudo por você, sua vadia desqualificada!
Cara, e agora é que vem o melhor: a Anabeli já saiu do carro metendo sopapos no Sansão.
- Quem é piranha aqui?
E PÁ, dá-lhe sopapo.
Bicho, o sopapo da Anabeli pegava por trás, no pescoço, de orelha a orelha. E estalava. PÁÁU.
- Quem é vagabunda? Sua tentativa de homem! Seu moleque de merda!
PÁ, outro sopapo.
- Como é que é? Vadia?
PÁ.
- Desqualificada??
PÁÁÁÁU.
O Sansão começou a afinar:
- Calma, meu amor! Você está um pouquinho exaltada.
- Sai daqui seu moleque nojento!
PÁÁÁU!
E foi aí que eu vi que NÃO era o Maromba que estava com a Anabeli. Era outra mulher. Uma sirigaita que eu nem conhecia e que, felizmente, tinha os ânimos bem mais serenos do que a Anabeli e, junto comigo, tentava acalmar a monstra. Bom, fim de tudo: eu trouxe o Sansão de volta pro centro da cidade e ele veio chorando copiosamente. Ele nunca mais voltou a comer a Anabeli. E me pediu segredo sobre a história.