domingo, 24 de maio de 2015

CRÍTICA BIGOTRON - Mad Max



Fazia tempo que eu não ficava pilhado de ver um filme no cinema. Infelizmente, assisti esse novo Mad Max nessa terça-feira (19/05) e saí do cinema com aquele gosto de apresuntado vencido na boca. "Porra, é só isso?!", pensei.

Eu tinha vários motivos para estar empolgadíssimo com esse filme:

1) Eu AMO os filmes antigos (com exceção do terceiro, que acho uma merda)
2) George Miller, o diretor dos filmes antigos, estava de volta na direção
3) Toda a crítica está elogiando esse filme sem medo de ser feliz. Até mesmo em Cannes o filme foi aplaudido 3 vezes!

Diante de tantos fatores bacanas, era impossível eu me decepcionar com esse filme. Mas, como todos sabem, a vida é dark...

A história do filme, apesar de ser um reboot da série, segue a mesma vibe dos filmes antigos: Max (Tom Hardy), um ex-policial que vaga por um mundo devastado pós-apocalíptico, é capturado por uma gangue de malucos que vivem em uma cidadela comandada pelo insano Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, o mesmo ator que interpretou o vilão Toecutter do primeiro Mad Max de 1979!). No meio dessa quizumba, ele se aproveita de uma confusão para se unir a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), uma moradora dessa cidadela que resolve fugir do domínio de Immortan Joe juntamente com as mulheres de seu harém em um caminhão tunado. A partir daí temos uma longa e tensa perseguição no meio do deserto entre os fugitivos e a gangue do ditador piradão.


O problema do filme nem está na história, pois, parando bem para pensar, todos os filmes antigos também tinham uma história bem simples envolvendo vingança/perseguição/redenção. O problema é justamente outro: o exagero. A impressão que eu tenho é que o George Miller escreveu o roteiro sob o efeito de benzina em apenas uma noite, depois cheirou 15kg de pó, engoliu uma cartela de ácido com uísque e foi rodar o filme no dia seguinte. Caralho, tudo no filme é absurdamente surtado e bizarro, do visual dos veículos ultra-tunados ao jeitão Darth Vader do vilão (assistam o filme que vocês irão entender...). Para vocês terem uma idéia da coisa, tem até um trio-elétrico no meio da gangue do vilão com um maluco tocando uma guitarra com um lança-chamas acoplado. E a função desse cara é apenas tocar guitarra e expelir chamas no ar para empolgar a galera! WTF?!

O Carlinhos Brown mutante do trio-elétrico

Se isso não basta para você, ainda temos um bigfoot e um misto de carro com tanque de guerra no meio da pancadaria. E olha que não estou nem na metade da lista de esquisitices...

"Porra, Reinaldo, mas nos filmes antigos também era tudo exagerado pra caralho!", poderia dizer um leitor chato mais atento. Sim, era! Mas a maioria das esquisitices era funcional e não estava ali apenas de enfeite. Se pegarmos o Mad Max 2, por exemplo, você pode até achar bizarra a presença do vilão Lorde Humungus (o Aiatolá do Rock 'n' Rolla!), mas todos os veículos, com raras exceções, parecem realmente veículos comuns adaptados para o combate em um mundo apocalíptico arruinado e sem leis. O mesmo pode ser dito do armamento usado pelos personagens (lanças, flechas, dardos, etc), em uma realidade onde armas de fogo são artigos de luxo. Tudo era improvisado e esquisito, mas havia ali uma razão das coisas serem como são.

Outro detalhe que me incomodou bastante: nos filmes anteriores você tinha a nítida sensação de estar em um futuro realmente fudido onde tudo era escasso - água, comida, munição e, principalmente, gasolina. A escassez desses elementos justificava a matança e o desespero dos personagens para conseguí-los. Nesse novo filme, entretanto, eles jogaram esse conceito (foda) no lixo! Há abundância de tudo: água, comida (leite materno?!) e, principalmente, de munição e gasolina (há vilas que produzem munição e gasolina!). Isso tira toda aquela sensação de mundo devastado "salve-se quem puder" dos filmes antigos e deixa todas as esquisitices e bizarrices com um jeitão bobo e gratuito, ficando tudo muito freak pelo simples motivo de ser freak!


Por outro lado, tenho que elogiar o filme em uma coisa: as cenas de ação. Realmente, as cenas de perseguição e destruição são de cair o queixo e quase nada de CGI foi utilizado. É tudo efeito prático, com dublê se espatifando no meio de explosões e carros capotando como nos filmes de antigamente. Nessa parte não há do que reclamar! Pense (novamente) em todas as cenas de ação de Mad Max 2 com um orçamento robusto. É tudo muito FODA!

Resumindo: se você curte os filmes antigos, tem uma tolerância grande para exageros freaks e se amarra em cenas de ação com carros, vá para o cinema e divirta-se, mas não espere nada além disso. E fique tranquilo, Mel Gibson não faz falta.

NOTA DO FILME: 2,4 bigodes (de 5)

P.S 1: Charlize Theron, mesmo interpretando uma personagem careca, com braço mecânico e com graxa na testa, ainda é linda de morrer! Charlize, eu sei que você lê o Bigotron. Então, se besunte de graxa e me liga quando der ♥♥♥ 

P.S 2: Há um anão deformado que trabalha como uma espécia de vigia da cidadela do Immortan Joe. Ao que tudo indica, eles realmente contrataram um anão deformado para esse papel e esse cara dá medo!

P.S 3: O filme está sendo acusado de ser ultra-feminista e feminazi. Sinceramente? É tudo mimimi de pseudo-intelectual punheteiro.


* BÔNUS: Foi feito um fan film em homenagem ao Lorde Humungus, vilão de Mad Max 2. Achei sensacional!