Na dinastia Shan, na província de Sheng, vilarejo de Shong, Mestre Shu Pao cuidava do templo Shin e do dia-a-dia de seus 51 serviçais.
Mestre Shu Pao era muito sábio, mas um belo dia, após meditar pelado em cima de uma árvore de cerejeira por 34 horas, demonstrou uma perturbadora inquietação e ordenou que chamassem seu fiel serviçal, o velho Ang Kotoko. Kotoko era conhecido por ser um grande lutador do passado que perdeu as duas pernas em uma luta contra 500 guerreiros do templo Shaolin do Centro-Oeste. Kotoko se locomovia em cima de um skate improvisado, feito com um tronco de canela-da-china.
Kotoko atende o chamado e se arrasta depressa em direção do grande Mestre Shu Pao, que havia descido da árvore e se encontrava nu na posição de lótus, apoiando as costas no tronco da cerejeira.
- Honorável amigo Kotoko, me responda: o que seria o amor?
- O amor, grande mestre, é quando você sente uma grande afeição por uma pessoa.
- [Alisando a barbicha] Hmmmm...mas o que isso significa exatamente?
- Significa, mestre, que você pensa na pessoa amada todos os dias, deseja seu bem e quer ficar com ela para sempre, protegendo-a de todos os perigos desse mundo vil e perigoso.
- Entendo. Mas eu nunca me casei até hoje, fiel companheiro. Você é uma das poucas pessoas em quem confio, portanto, será que nunca amei alguém de verdade?
- Acho difícil, grande mestre. O senhor deve sentir algo por alguém, isso é algo completamente natural. Nem que seja o menor sentimento de afeição.
- Entendo.
Após a conversa, mestre Shu Pao ordenou que seus serviçais organizassem uma festa de casamento para 1000 pessoas e se casou com Ang Kotoko, que se mostrou desconfortável com a decisão do mestre. Mestre Shu Pao foi muito feliz por 3 anos, até terminar o casamento e partir em uma viagem de auto-conhecimento para o norte da África no lombo de uma zebra.
Mas isso já é uma outra história...