terça-feira, 2 de julho de 2013

Os Empregos de Merda de Mustache Rider (Episódio 02)


Depois de um bom tempo após postar o primeiro post dessa série, volto aqui para a segunda parte do mesmo. Este emprego em si não é uma merda se você é um estudante em férias que precisa descolar uma grana para gastar com o que interessa (sexo, drogas e rock and roll). Mas ele se torna uma bosta se você é uma pessoa que, como eu, não tem o menor talento para a coisa.

Eram os saudosos fins dos anos 90 e resolvi ganhar uma grana extra trabalhando para uma loja de roupas do shopping Pátio Brasil, antes do mesmo se tornar point de suicidas brasilienses. Eu não tinha nenhuma experiência com vendas de roupas. A única coisa que eu já tinha tentado vender foi cursos de inglês, mas foi tudo um grande fracasso. De qualquer forma, consegui o emprego porque já tinha comido saído com a gerente da loja.

Com esse trampo imaginei que seria mais fácil, já que as pessoas que entram na loja querem comprar alguma coisa. Era só questão de mostrar o que elas pedissem e ganhar a comissão. Seria assim se eu tivesse colocado em prática as duas coisas mais importantes em uma venda: sorrir e mentir.

Bem, mentir não seria problema, mas eu não sabia em que momento deveria mentir e em que momento deveria ser sincero. Já sorrir, bem, quem me conhece sabe que é mais fácil escalar o Everest carregando um traveco de pau duro nas costas do que extrair algum tipo de expressão facil de mim. 

Minha primeira "cliente" era uma mulher que devia pesar umas dez arrobas (ou 150 Kg). Ela colocou uma baby look dois números menores que o dela e me perguntou o que eu achei. Minha resposta foi: "acho que esse tipo de roupa não cai bem em pessoas do seu peso". A orca saiu brava da loja e ainda, não sei o porquê, reclamou de mim com a gerente.

O resto da minha primeira e única semana de trabalho no lugar foi daí a pior. O ápice foi quando uma mulher, que era tão feia que achei que ela tinha nascido em Rondônia, perguntou o que eu tinha na loja que poderia deixá-la linda para aquela noite. Eu disse "Nada" e acabei demitido. Estranhas essas pessoas sensíveis.

Pelo menos esse emprego serviu para uma coisa. No meu penúltimo dia uma cliente me convidou para fazer umas fotos em troca de uma grana, mas essa fase de "Mustache Rider" modelo é assunto para outro post dessa série.