segunda-feira, 14 de setembro de 2009

CRÍTICA BIGOTRON - Inglorious Basterds


Brad Pitt faz um cover do Barbosa


Texto enviado por Priscila*


Depois de uma estréia não muito auspiciosa no Festival de Cannes desse ano, onde apenas o ator alemão Christoph Waltz se deu bem e levou uma merecida Palma de melhor ator, chegou enfim a minha vez de assistir a ultima produção assinada por Quentin Tarantino. Vamos combinar que os últimos filmes por ele dirigidos não foram lá essas coisas! Tinham estilo e estavam certamente acima da média da producão atual, mas ainda muito longe do brilhantismo de "Cães de aluguel", o filme definitivo e marco da nossa geração.

Eu estava desconfiada que esse ano não teríamos uma safra lá muito boa de filmes pipoca e já tinha ficado traumatizada com o tal do "Terminator Salvation", um desperdício total de dinheiro e talento (sic) que deixou um gosto amargo a todos os fãs da franquia. Portanto, estava compreensivelmente com os dois pés atrás antes de assistir ao filme, que havia recebido críticas mornas e reações muito meia boca.

Mas enfim, o filme não é a bomba que pintaram. Provavelmente Tarantino deu algumas mexidas na edição após Cannes, e embora dure quase 2 horas e meia (afinal, por que não fazem mais filmes de 1 e 40 minutos?) a platéia não sente o tempo passar, o que já é , em si, um baita elogio. "Inglorius Basterds" não é uma refilmagem do filme italiano de 1978, mas sim um western spaguetti povoado de nazistas e passado na Franca, ou a Segunda Guerra mundial como deveria ter sido na visão de Tarantino. Eu estava ansiosa para ver Brad Pitt, que pelos trailers prometia ser a melhor parte do filme, e qual não foi minha surpresa ao perceber que os tais Inglorius Basterds são apenas coadjuvantes num filme onde os atores falam quase que igualmente em francês, inglês e alemão? Não tem aquele truque dos filmes americanos, dos nazistas falando inglês com sotaque, não. É tudo autêntico: atores franceses falando francês, alemães falando alemão e os americanos até arranham um italiano de lascar, numa das cenas mais engraçadas do filme.

A estratégia foi jogar em terreno seguro. Depois do fracasso do "Grindhouse", que não se pagou em solo americano, os produtores Weinstein captaram a maioria dos recursos na Europa. É um filme de um autor americano, mas totalmente voltado para o mercado europeu, onde Tarantino goza de mais prestígio do que nos EUA, aliás.

Mas voltando ao filme: são praticamente duas histórias distintas e o único elo de ligação entre elas é justamente o personagem de Christoph Waltz, Coronel Hans Landa, mais conhecido como o Cacador de Judeus, um oficial da SS, poliglota e bebedor compulsivo de leite(!), que após matar uma familia de camponeses, deixa escapar a única sobrevivente da chacina, a adolescente Shosanna, mais por preguiça do que por compaixão. Enquanto isso, o bando liderado por Aldo Raine, personagem de Pitt, comeca a tocar o terror nos bosques franceses, capturando, torturando e matando quaisquer membros do Exercito alemão que encontrassem pelo caminho, com a ajuda de um desertor e serial nazi killer, Hugo Stiglitz.

Então, de um lado assistimos Shosanna, que anos após sua fuga se torna dona de um cinema e arquiteta sua vinganca, e do outro as aventuras dos Basterds tentando botar em prática um plano mirabolante para matar Hitler. Aliás, a melhor parte do filme é justamente o encontro dos Basterds com uma agente dupla numa taverna no interior da França, algo que faz a gente até lembrar do Tarantino de "Cães de aluguel" por alguns momentos.

Vale a pena usar aquela sua carteira de estudante falsa para ver vesse filme?? Com certeza, a não ser que você não se interesse por uma daquelas aulas de Historia do tipo "e o que aconteceria, se...".

* Priscila é amiga minha e já teve 49 blogs de temáticas diferentes. Hoje em dia mora na Alemanha com seu marido Andreas e pode assistir os filmes antes de todo mundo no Brasil.


** BÔNUS: Trailer legendado de "Inglorious Basterds".