Dia desses eu estava passando por uma quadra residencial e vi uma Veraneio estacionada. Era uma Veraneio bem velha e mal conservada, daquelas com ferrugem na lataria e escapamento amarrado com arame. "Porra, tá parecendo a Veraneio do seu Juan!", pensei.
Juan (nome fictício) é meu ex-sogro boliviano. O velho é uma figura bizarríssima. Para começar ele tem, há anos, duas veraneios velhas e acabadas que ele não vende por dinheiro nenhum do mundo. Ninguém podia dirigir aquelas velharias, só ele. O detalhe é que as veraneios eram tão velhas que viviam indo para a oficina. Se juntasse todo o dinheiro que ele gastou consertando aquelas merdas dava para comprar um carro 1.0 novinho. Ele era tão alucinado por aqueles carros que chegou a viajar para São Paulo para comprar uma ÚNICA peça da Veraneio bege-geladeira, pois essa peça não se achava em lugar algum. E o pior é que ele conseguiu!
Juan era caladão e nos raros momentos em que abria a boca ele gostava de conversar sobre cultura geral. Ele sempre vinha com esses papos de surpresa, totalmente do nada."Você sabe a origem da palavra 'ostracismo'? Sabia que o cheiro de uma pessoa é como uma impressão digital? Sabia que os astecas tinham rede de esgotos? Você sabe onde caiu o asteróide que matou os dinossauros?", eram algumas das perguntas mais comuns. Como eu era o único IDIOTA que respondia, acabei me tornando o alvo preferido dele nos momentos em que ele resolvia destilar sua vasta cultura inútil. Era uma espécie de "Jogo do Milhão", onde eu não ganhava porra nenhuma.
E como é que ele sabia tanta coisa? Simples: o cara era um leitor voraz. Lia qualquer coisa que chegasse na mão dele. E daí vem outra esquisitice: o cara guardava todos os jornais que lia. TODOS! Uma vez eu entrei no quarto dos meus ex-sogros e vi um guarda-roupa entulhado de jornal velho. Eram três pilhas imensas e muitos jornais já estavam amarelados. Cheguei a achar um jornal da década de 80! O cheiro de mofo e barata era insuportável.
O visual do boliviano também era sensacional. O velho usava SEMPRE a mesma roupa: calça social preta, camisa social de cor clara (bege ou branca) e uma botinha Zebu toda arregaçada. Não adiantava nada você dar uma roupa diferente, pois ele dava para o porteiro. O curioso também é que o cara vivia sujo de terra, pois todo o tempo livre que tinha ele ficava numa chácara localizada no cu do Judas. Ninguém da família conhecia essa chácara, pois ele não convidava ninguém. Ele sempre ia sozinho e se alguém insistisse para ir junto o pau quebrava. A única coisa que ele mostrava da chácara eram fotos, e em todas as fotos ele estava sorrindo e abraçando cachorros. Vários cachorros. Ele dizia que a chácara tinha uns 20 cães, todos vira-latas que ele achava na rua e pegava para criar. "Eu A-MO cachorro! Eles são amigos de verdade!", me disse Juan ao me mostrar as fotos. Nessa hora minha ex-sogra me puxou num canto e me falou a fortuna que ele gastava com ração de cachorro. Resolvi não render conversa para evitar confusão...
Para fechar, a esquisitice mais top do Sr. Juan: os pijamas dele. Como o velho era ginecologista(!) e trabalhava na rede pública, ele sempre dava um jeito de roubar uma daquelas roupas de paciente de hospital. Sabe aquela roupa escrota de paciente que parece uma camisola, onde a parte de trás é aberta e fechada com lacinhos? Pois é. O cara tinha vários, todos enfeitados com siglas de hospitais. O mais punk é que ele usava esses pijamas sem cueca. Ou seja: todo mundo via a bunda dele. E ele não dava a mínima! Era uma bunda murcha e cheia de estrias, uma visão que estragava o dia de qualquer um. O apetite também.
Pijaminha do Sr. Juan
Eu acho que o Sr. Juan abusou de chá de coca na juventude. Será que esse demente já morreu?
Juan (nome fictício) é meu ex-sogro boliviano. O velho é uma figura bizarríssima. Para começar ele tem, há anos, duas veraneios velhas e acabadas que ele não vende por dinheiro nenhum do mundo. Ninguém podia dirigir aquelas velharias, só ele. O detalhe é que as veraneios eram tão velhas que viviam indo para a oficina. Se juntasse todo o dinheiro que ele gastou consertando aquelas merdas dava para comprar um carro 1.0 novinho. Ele era tão alucinado por aqueles carros que chegou a viajar para São Paulo para comprar uma ÚNICA peça da Veraneio bege-geladeira, pois essa peça não se achava em lugar algum. E o pior é que ele conseguiu!
Juan era caladão e nos raros momentos em que abria a boca ele gostava de conversar sobre cultura geral. Ele sempre vinha com esses papos de surpresa, totalmente do nada."Você sabe a origem da palavra 'ostracismo'? Sabia que o cheiro de uma pessoa é como uma impressão digital? Sabia que os astecas tinham rede de esgotos? Você sabe onde caiu o asteróide que matou os dinossauros?", eram algumas das perguntas mais comuns. Como eu era o único IDIOTA que respondia, acabei me tornando o alvo preferido dele nos momentos em que ele resolvia destilar sua vasta cultura inútil. Era uma espécie de "Jogo do Milhão", onde eu não ganhava porra nenhuma.
E como é que ele sabia tanta coisa? Simples: o cara era um leitor voraz. Lia qualquer coisa que chegasse na mão dele. E daí vem outra esquisitice: o cara guardava todos os jornais que lia. TODOS! Uma vez eu entrei no quarto dos meus ex-sogros e vi um guarda-roupa entulhado de jornal velho. Eram três pilhas imensas e muitos jornais já estavam amarelados. Cheguei a achar um jornal da década de 80! O cheiro de mofo e barata era insuportável.
O visual do boliviano também era sensacional. O velho usava SEMPRE a mesma roupa: calça social preta, camisa social de cor clara (bege ou branca) e uma botinha Zebu toda arregaçada. Não adiantava nada você dar uma roupa diferente, pois ele dava para o porteiro. O curioso também é que o cara vivia sujo de terra, pois todo o tempo livre que tinha ele ficava numa chácara localizada no cu do Judas. Ninguém da família conhecia essa chácara, pois ele não convidava ninguém. Ele sempre ia sozinho e se alguém insistisse para ir junto o pau quebrava. A única coisa que ele mostrava da chácara eram fotos, e em todas as fotos ele estava sorrindo e abraçando cachorros. Vários cachorros. Ele dizia que a chácara tinha uns 20 cães, todos vira-latas que ele achava na rua e pegava para criar. "Eu A-MO cachorro! Eles são amigos de verdade!", me disse Juan ao me mostrar as fotos. Nessa hora minha ex-sogra me puxou num canto e me falou a fortuna que ele gastava com ração de cachorro. Resolvi não render conversa para evitar confusão...
Para fechar, a esquisitice mais top do Sr. Juan: os pijamas dele. Como o velho era ginecologista(!) e trabalhava na rede pública, ele sempre dava um jeito de roubar uma daquelas roupas de paciente de hospital. Sabe aquela roupa escrota de paciente que parece uma camisola, onde a parte de trás é aberta e fechada com lacinhos? Pois é. O cara tinha vários, todos enfeitados com siglas de hospitais. O mais punk é que ele usava esses pijamas sem cueca. Ou seja: todo mundo via a bunda dele. E ele não dava a mínima! Era uma bunda murcha e cheia de estrias, uma visão que estragava o dia de qualquer um. O apetite também.
Pijaminha do Sr. Juan
Eu acho que o Sr. Juan abusou de chá de coca na juventude. Será que esse demente já morreu?