Texto enviado por Zebedeu
Faz tempo que eu estou pra contar alguma coisa sobre o Wallison aqui no Bigo, mas como o Reinaldo anda deixando a coisa meio largadona, eu não mandei mais nada. Mas aqui vai uma primeira historinha, bem curta, só pra apresentar o cara. Depois, se o Bigo movimentar, eu mando mais.
O Wallison é um baiano (do sertão, não da capital) que é ascensorista do elevador do prédio onde eu tenho escritório de advocacia. Tem uns quarenta anos, é baixinho e já meio careca, mas forte e esperto. Como diria poeticamente Machado de Assis: nem moço, nem velho. Já faz alguns anos que ele trampa por ali e é conhecido de todo mundo. Deixou mulher e filhos na Bahia e veio pras plagas paulistas em busca de trabalho e vida melhor, como muitos. É gente fina, gosta de uma gandaia e eu simpatizei com ele logo de cara. Como vive sozinho (dorme em um quartinho na garagem do prédio), tem o costume de arranjar treta em zona e freqüenta direto o Itatinga, bairro do baixo meretrício aqui de Campinas, localizado perto do Aeroporto de Viracopos. Esse bairro, cheio de casas de prostituição, até já foi bom antigamente, mas hoje em dia está uma baixaria de lascar. Mas vamos aos fatos. Algum tempo atrás, em uma bela manhã de sol, estava eu entrando no elevador:
- Fááála, Wállison!
- É Wóllison, doutor. O meu é U-Ó-LLI-SON!
- Tá. Fica frio. Tudo beleza?
-Beleza. Mas, doutor, aproveitando que a gente tá aqui sozinho, eu gostaria de fazer uma consulta.
Eu pensei “xi, lá vem”.
- Manda.
- Sabe aquela coroa do escritório do clube dos cachorrinhos?
- Clube dos cachorr... ah, tá, o Dog Club.
- Isso, isso.
- Sei. Quié qui tem?
- Eu tô com um “poblema” do caraio. Ela diz que tá apaixonada por mim. Diz que me ama. Tô meio cabreiro, doutor. Eu quero largar o osso mas tenho medo que ela faça escândalo aqui no prédio e, pior, queira pedir pensão.
Segurei pra não rir. Então quer dizer que o Wallison andava comendo a coroa secretária do clube dos cachorrinhos? Muito bem. Mas segui com a consulta:
- Você tem vida em comum com ela, tipo coisa séria?
- Não. É só de vez em quando. Ela vai lá no quartinho dos fundos, onde eu durmo, e a gente se ama. Outras vezes eu vou lá no apê dela e a gente se curte. Ela até que é boa na coisa viu. Chupa que é uma beleza. É meio gordinha, mas eu mando bala. Héhé. O “poblema” doutor, é que ela diz que tá amarradona e quer casar. Sabe como é, né doutor, o baianinho aqui é bom de lábia, héhé. Mas daí que o “poblema” é que a mulher é carente pra cacete. Grudenta. Tô com o saco cheio. Qualquer hora eu explodo. Eu explodo, doutor. E aí vai ser um cocoreco dos diabos. (Nessa hora o Wallison ficou até vesgo) Pra começar eu vou dar um bico no cu daquele cachorrinho chihuahua dela. Vou voar com aquele demônio pela janela.
- Ok. Calma. E o doutor Kleber sabe? (O doutor Kleber é o médico que era síndico, nessa época).
Wallison teve um xilique:
- Pelo amor de Deus. Não sabe e nem vai saber, senão eu tô fudido"
- Ok. Se não sabe, não é por mim que vai ficar sabendo. E toma cuidado que o Kleber é foda. É cheio de querer botar moral.
- O doutor Kleber é viado. É casado mas é viado! Se ele me prejudicar eu abro o armário dele.
Êpa, essa eu não sabia. Mas fiquei na minha, fiz cara de quem não se espantou e deixei passar.
- Bom, mas quanto à pensão, fica tranqüilo. Uma trepadinha de vez em quando não gera direito à pensão não. Fica frio.
- -É memo? Caraio. Agora to mais “assossegado”. Vou meter o pé no rabo daquela vaca. E, doutor, será que o senhor poderia me fazer um favor? Eu quero dar um CD de presente pra outra mina que eu tô passando no rodo aê, mas o cantor que eu sou chegado não vende por aqui. Só baixando na internet.
- Quem é? Fala que eu gravo pra você no fim de semana.
- É o Pitanga, doutor. O senhor conhece o Pitanga, um cantor romântico do nordeste? É só procurar no iutubio e no "Casa AAA", que o senhor acha. Grava o CD pra mim que depois eu ponho o senhor na faixa pra dentro da boate da Bete, lá no Itatinga. Doutor, é nóis na fita. Rá!
- Não é "Casa AAA”. É KAZAA, que hoje em dia já está até superado e... bom, deixa comigo.
O elevador chegou no meu andar e eu desci. Pensei: “Wallison comendo a coroa carente do Dog Club? Cedezinho do Pitanga de presente pra outra mina? Esse troço tem tudo pra dar merda”.
Qualquer hora eu conto mais...
Faz tempo que eu estou pra contar alguma coisa sobre o Wallison aqui no Bigo, mas como o Reinaldo anda deixando a coisa meio largadona, eu não mandei mais nada. Mas aqui vai uma primeira historinha, bem curta, só pra apresentar o cara. Depois, se o Bigo movimentar, eu mando mais.
O Wallison é um baiano (do sertão, não da capital) que é ascensorista do elevador do prédio onde eu tenho escritório de advocacia. Tem uns quarenta anos, é baixinho e já meio careca, mas forte e esperto. Como diria poeticamente Machado de Assis: nem moço, nem velho. Já faz alguns anos que ele trampa por ali e é conhecido de todo mundo. Deixou mulher e filhos na Bahia e veio pras plagas paulistas em busca de trabalho e vida melhor, como muitos. É gente fina, gosta de uma gandaia e eu simpatizei com ele logo de cara. Como vive sozinho (dorme em um quartinho na garagem do prédio), tem o costume de arranjar treta em zona e freqüenta direto o Itatinga, bairro do baixo meretrício aqui de Campinas, localizado perto do Aeroporto de Viracopos. Esse bairro, cheio de casas de prostituição, até já foi bom antigamente, mas hoje em dia está uma baixaria de lascar. Mas vamos aos fatos. Algum tempo atrás, em uma bela manhã de sol, estava eu entrando no elevador:
- Fááála, Wállison!
- É Wóllison, doutor. O meu é U-Ó-LLI-SON!
- Tá. Fica frio. Tudo beleza?
-Beleza. Mas, doutor, aproveitando que a gente tá aqui sozinho, eu gostaria de fazer uma consulta.
Eu pensei “xi, lá vem”.
- Manda.
- Sabe aquela coroa do escritório do clube dos cachorrinhos?
- Clube dos cachorr... ah, tá, o Dog Club.
- Isso, isso.
- Sei. Quié qui tem?
- Eu tô com um “poblema” do caraio. Ela diz que tá apaixonada por mim. Diz que me ama. Tô meio cabreiro, doutor. Eu quero largar o osso mas tenho medo que ela faça escândalo aqui no prédio e, pior, queira pedir pensão.
Segurei pra não rir. Então quer dizer que o Wallison andava comendo a coroa secretária do clube dos cachorrinhos? Muito bem. Mas segui com a consulta:
- Você tem vida em comum com ela, tipo coisa séria?
- Não. É só de vez em quando. Ela vai lá no quartinho dos fundos, onde eu durmo, e a gente se ama. Outras vezes eu vou lá no apê dela e a gente se curte. Ela até que é boa na coisa viu. Chupa que é uma beleza. É meio gordinha, mas eu mando bala. Héhé. O “poblema” doutor, é que ela diz que tá amarradona e quer casar. Sabe como é, né doutor, o baianinho aqui é bom de lábia, héhé. Mas daí que o “poblema” é que a mulher é carente pra cacete. Grudenta. Tô com o saco cheio. Qualquer hora eu explodo. Eu explodo, doutor. E aí vai ser um cocoreco dos diabos. (Nessa hora o Wallison ficou até vesgo) Pra começar eu vou dar um bico no cu daquele cachorrinho chihuahua dela. Vou voar com aquele demônio pela janela.
- Ok. Calma. E o doutor Kleber sabe? (O doutor Kleber é o médico que era síndico, nessa época).
Wallison teve um xilique:
- Pelo amor de Deus. Não sabe e nem vai saber, senão eu tô fudido"
- Ok. Se não sabe, não é por mim que vai ficar sabendo. E toma cuidado que o Kleber é foda. É cheio de querer botar moral.
- O doutor Kleber é viado. É casado mas é viado! Se ele me prejudicar eu abro o armário dele.
Êpa, essa eu não sabia. Mas fiquei na minha, fiz cara de quem não se espantou e deixei passar.
- Bom, mas quanto à pensão, fica tranqüilo. Uma trepadinha de vez em quando não gera direito à pensão não. Fica frio.
- -É memo? Caraio. Agora to mais “assossegado”. Vou meter o pé no rabo daquela vaca. E, doutor, será que o senhor poderia me fazer um favor? Eu quero dar um CD de presente pra outra mina que eu tô passando no rodo aê, mas o cantor que eu sou chegado não vende por aqui. Só baixando na internet.
- Quem é? Fala que eu gravo pra você no fim de semana.
- É o Pitanga, doutor. O senhor conhece o Pitanga, um cantor romântico do nordeste? É só procurar no iutubio e no "Casa AAA", que o senhor acha. Grava o CD pra mim que depois eu ponho o senhor na faixa pra dentro da boate da Bete, lá no Itatinga. Doutor, é nóis na fita. Rá!
- Não é "Casa AAA”. É KAZAA, que hoje em dia já está até superado e... bom, deixa comigo.
O elevador chegou no meu andar e eu desci. Pensei: “Wallison comendo a coroa carente do Dog Club? Cedezinho do Pitanga de presente pra outra mina? Esse troço tem tudo pra dar merda”.
Qualquer hora eu conto mais...
*BÔNUS: Pitanga, o cantor preferido do Wóllison: