sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Quatro pilhas grandes



Ao desempoeirar algumas áreas desativadas do meu cérebro lembrei duma figuraça dos meus tempos de fedelho, o ÍNDIO. Ele usava óculos fundo de garrafa com armação vermelha, e era índio. Corria mais que todos, era bom de porrada, dançava break e tinha um kichute amarrado no tornozelo. Mas a mãe dele insistia em cortar o cabelo dele A LA CUIA STYLE no auge da febre do mullet. A molecada zoava, mas ele era SAGAZ PRA CARALHO. E não levava desaforo pra casa de jeito nenhum.

Quase todo dia ele brigava na escola, que era ali pertinho. Ocasionalmente a peleja itinerava até o nosso prédio. Juntavam dezenas de moleques na saída da aula, por volta de 12hs, pra ver a pancadaria. Geralmente rolava JUDARIA, eram 2 ou 3 contra ele. Uma vez ele apanhou de 4. Eu disse quatro moleques, não DE QUATRO. O porteiro, Sr. Vasconcelos (A.K.A Mun-Rá) sempre desapartava as tretas, mas nesse dia ele demorou, quebraram um dente e os óculos do Índio.

Nessa época era SUPERCOOL andar com microsystem no ombro tocando TCHOTCHOMÉRI. Esses rádios consumiam uma dúzia de pilhas grandes, era sinal de $tatu$, pois a pilha era muito cara. Eu era criança nessa época, o BREAK era a sensação da juventude, mas eu curtia mesmo era ouvir os vinis do Elton John com minha tia, naquele tempo ele não era viadista e fazia um som JÓIA. Hoje esse degenerado quer acabar com a internet por 5 anos, quero ver ele ficar esse tempo todo sem CAGAR PRA DENTRO.



-Elton no tempo em que era macho, foto roubada da
mongoteca.


Índio pegou as pilhas usadas do som do irmão mais velho, daí desenvolveu uma técnica CABULOSA para se armar: QUATRO PILHAS GRANDES. Andava com uma pilha em cada mão pra jogar nos agressores e outras duas dentro da CUECA SACO-DE-BATATA. As pilhas que ficavam nas mãos eram arremessadas com precisão, as que sobravam serviam pra TUNAR OS SOCOS, a mão ficava bem mais pesada. Índio se vingou dos quatro moleques SOZINHO. Foi clássico, sobrou até pro irmão de um deles, que levou 9 pontos na cabeça. Depois disso ele ficou muito mais temido & respeitado e pôde cumprir o FIM DA PUBERDADE cheio de moral. Era um fracasso com as garotas, mas descontava o ÍMPETO HORMONAL nas revistas de pornô pentelhudo da COLOR CLÍMAX CORPORATION.

Índio também era empreendedor, alugava as revistas que furtava do pai dele pra molecada do prédio. Ninguém ousava melecar as páginas das revistas, ou iria SER PILHADO; mas mesmo assim o brebume de esmegma que exalava das páginas era ácido. Nessa época eu nem sabia o que era broña, cheguei a alugar uma revista dele quando eu tinha duas empresas: um Cassino(aquele jogo de roleta) e minha MARAVILHOSA FÁBRICA DE SACOLÉS. Quando a banca quebrava os sacolés de maracujá avec leite moça eram usados como moeda. Eu ainda era um pornólatra mirim, ainda não sabia me masturbar, ficava só curtindo as fotos com o PIRÚ SOLUÇANDO dentro da minha cueca saco-de-batata durante algumas horas.

Mas foi numa brincadeira de HOMARANHA que Índio teve um destino escroto:
Aos 16 caiu da janela do 5º andar, ele gostava de exibir sua sagacidade pulando de uma janela para outra.

In memoriam, Índio.

E é.